Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2025

Home em foco “É impossível que consigamos erradicar a covid”, diz o imunologista Anthony Fauci

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Muitas são as dúvidas em relação ao futuro da covid, doença que já vitimou 6,2 milhões pessoas globalmente. Vislumbra-se um futuro mais ameno em relação às infecções neste ano, mas não há garantias. Também espera-se que doses de reforço sejam anuais, mas novos estudos ainda devem avançar nesse sentido.

A liberação do uso de máscaras também depende do quanto cada um está disposto a correr o risco de se infectar. É nessa miríade de possibilidades que trabalha o imunologista Anthony Fauci, responsável pela resposta americana contra a covide recentemente palestrante em um simpósio na Fiocruz. Em entrevista ao jornal O Globo, Fauci falou sobre futuros mais certos, da impossibilidade de erradicar o vírus à necessidade de rezar a cartilha da paciência com os antivacina: “Não podemos renegá-los”.

1) O uso de máscaras deixou de ser uma obrigação em todo o Brasil, com exceção de transporte público. É o tempo de realmente deixar de lado esse item de proteção?

As autoridades locais têm que considerar quais são as condições (da epidemia) no Brasil, quais os níveis de infecção, de vacinação, qual a porcentagem da população já se infectou e, de alguma forma, tem graus de imunidade contra a infecção. É muito difícil declarar amplamente se é boa ideia ou não tirar as máscaras.

Nos Estados Unidos, nós dissemos às pessoas que elas têm que avaliar qual é seu “risco individual”. Por exemplo, se você é vacinado e tem a dose de reforço, mas é uma pessoa mais velha, com alguma comorbidade, você está em uma posição de grande risco de ter um desfecho grave.

Então, faz sentido manter a máscara para ter um grau a mais de proteção. Mas isso não é o mesmo para todos. Para os jovens, saudáveis, em uma posição em que acham ser muito difícil usar a máscara, talvez haja a disposição de passar esse risco extra ao não usá-la. Não é somente uma política ampla, cada um determina qual o seu nível de risco.

2) O senhor já disse que não acredita na eliminação ou erradicação da covid, mas como será o futuro próximo da pandemia, ou o fim deste ano?

É imprevisível, mas acredito que é extremamente improvável, impossível, que consigamos erradicar o vírus. Aliás, só fomos capazes de erradicar um único vírus na história da humanidade, que foi a varíola. Também será muito difícil eliminar o vírus de países como os Estados Unidos ou o Brasil, pelo simples motivo de que o coronavírus muda muito.

Vírus como o sarampo, polio e a varíola não sofrem (muitas) mutações, mantêm-se estáveis por muitos e muitos anos. A covid, por sua vez, teve cinco variantes (importantes) em dois anos e meio, e a duração da imunidade não é vitalícia, o que nos coloca na situação de uma vacinação periódica, como é com a influenza.

Esperamos que em 2022 e em 2023 entremos num estágio de controle do vírus num nível baixo o suficiente que não seja necessário perturbar a sociedade e suspender a economia, as escolas, os eventos o entretenimento…

Queremos chegar em um nível em que o vírus não desapareça totalmente, até porque não acredito que isso seja possível, mas que seja algo que não domine mais a sociedade, como o Sars-CoV-2 fez nos dois últimos anos e meio.

3) Podemos, então, ser um pouco otimistas e dizer que o pior já passou?

Sim, é possível que o pior tenha passado. Acho que não podemos definitivamente dizer que esse é o caso, já fomos enganados antes, pensamos que o pior tinha passado com a variante original e então apareceu a delta. Então achávamos que tínhamos passado pelo pior com a delta e veio a ômicron. Acredito que há uma grande chance de que o pior já passou, mas não há garantias porque há sempre o risco do aparecimento de uma nova variante.

4) E sobre a quarta dose, segundo reforço. O quanto sabemos da necessidade de vacinar todos os adultos mais uma vez?

Isso vai depender da dinâmica do vírus em cada país, depende muito da situação epidemiológica de cada lugar. Se a disseminação do vírus estiver muito alta, é bem provável que você precise vacinar todos os elegíveis (com essa dose), mas se a transmissão estiver muito, muito, baixa, talvez não seja preciso dar essas doses a todo mundo. Depende totalmente do nível de vírus na sociedade.

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