Sexta-feira, 19 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de dezembro de 2025
Foi em 1985, lá se vão 40 anos. Naquele tempo, em datas especiais, a gente escrevia cartas, bilhetes, cartões. Os Correios ficavam com as caixas lotadas e com o compromisso das correspondências chegarem em tempo hábil. Funcionário Público em início de carreira, em nome dos colegas, escrevi:
Fazem já 1985 anos.
Era dezembro, simplesmente porque era dezembro.
Fazia calor porque dezembro é verão.
Havia um marceneiro e uma dona de casa como há milhares no mundo.
Sem os modernismos de hoje, caminhava ele a frente trazendo um burrinho montado por Maria.
Eram acompanhados pelas estrelas.
Exauridos os viajantes buscavam pousada.
E em cada estalagem o marceneiro entrava.
Do estalajadeiro a informação de que não havia lugar, de Maria o silêncio da compreensão.
Por fim, foi-lhes permitido passar a noite numa estrebaria, último recurso para àqueles corpos cansados.
Era dezembro, simplesmente porque era dezembro.
Tiveram por companhia, naquela noite, alguns animais entre eles ovelhas que os receberam melhor do que os homens.
José, o marceneiro, deitou Maria na manjedoura nasceu um menino.
Podia ser Paulo, João, Manoel… Jesus.
Perto dali, três reis seguiam uma estrela, naquela noite estrelada.
Fazem já 1985 anos.
Chegamos em 2025. Mantive a mensagem original. Os 40 anos passaram rápido, mas a figura do menino, pouco importa o nome, a religião , o credo, ainda é sinal de luz que tanto precisamos, aliás, a mesma luz que mostrou o caminho seguro aos três reis magos. As correspondências, sempre um gesto de carinho, benvindo, ganharam a forma das redes sociais, ferramentas necessárias num mundo em que tudo é rápido, às vezes rápido demais. Quando a gente escrevia, pensava e avaliava cada palavra, hoje se simplifica, economiza, se copia, se diz o que o outro disse, se aperta o dedo e pronto. Outras tantas aperta-se o mesmo dedo e o texto deixa de ser pessoal e vai pra um turbilhão de pessoas. Ruim? Não sei responder. De toda sorte, chegamos no fim de uma jornada. Em poucos dias, 2026 nos recebe. Sem lados, certezas, verdades únicas e julgamentos, vamos atravessar apenas armados de um sorriso, um abraço e uma mão estendida, lembrando apenas o que Ele ensinou. Bom Natal com paz e um novo ano com esperança.
Eduardo Battaglia Krause
Advogado e escritor