Quarta-feira, 23 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 22 de julho de 2025
Em uma análise bem superficial e singela sobre a indústria brasileira dos últimos 50 anos, recordo-me da fase de grande industrialização nos anos 60/70 no século passado. Na época, saímos de um Brasil essencialmente agrícola e passamos a manufaturar
milhares de produtos que antes só haviam os “ importados.”
Foi um período de muitas oportunidades, principalmente para criação e afirmação de
empresas pequenas e familiares. Vários pólos industriais foram criados em regiões metropolitanas de centros urbanos em várias cidades brasileiras.
O Brasil cresceu com a industrialização, tínhamos valor agregado nas pessoas. As crianças do pós guerra, tiveram uma educação muito melhor que temos hoje, é foi isso
que viabilizou técnicos qualificados. As fábricas se multiplicaram e a industrialização brasileira criou milhares de oportunidades e o país cresceu.
Com a abertura do mercado na década de 1990 em diante , a indústria brasileira conheceu a concorrência dos manufaturados importados.
Lembra do samba do Zeca Baleiro?
“Será que essa gente percebeu que essa morena desse amigo meu. Tá me dando bola tão descontraída. Só que eu não vou em bola dividida. Pois se eu ganho a moça eu tenho o meu castigo. Se ela faz com ele vai fazer comigo”. E fez !
Passamos de importadores de sapatos italianos para exportadores de sapatos para
Europa, e depois voltamos a importar calçados e produtos similares de países da Ásia em especial da China.
Foi um legítimo: – Toma na cabeça !
A indústria brasileira primeiro cresceu, depois estagnou, por fim regrediu.
Pouca qualificação profissional, globalização da economia e infraestrutura sem
corresponder , fomos cedendo mercado para os importados.
No presente momento, com o “tarifaço” dos USA , o buraco no chão já está sendo
cavado, resta saber para quem será trincheira ou a cova ! Devemos reconhecer que há um “rosário” de fatores e variáveis que influenciaram para chegarmos neste cenário.
Os problemas são muitos o governo tem sua parcela, e é bem grande !
Os governantes, às vezes, fazem o que podem, geralmente não fazem e invariavelmente,
fazem o que querem ! No Brasil, seguimos a lógica da alternância entre a escassez e abundância.
Nessa “onda”, de sobe e desce , o governo primeiro incentiva , depois a abandona e por
fim a pune a iniciativa privada. Temos educação ruim, legislação trabalhista insana, segurança jurídica duvidosa, indústria de base incipiente , infraestrutura precária, descompasso entre as universidades e centros de pesquisa com as empresas de pequeno porte. Isto faz a indústria enfrentar uma guerra muito desigual com similares importados
O Estado não tem compromisso com a eficiência. Até aqui, tudo muito trágico e óbvio.
O que fazer ? Não conseguimos mudar tudo ! Mas, é possível fazer o que está ao nosso alcance! E isso já é muito melhor e útil do que ficar só reclamando. Como ?
Primeiro identificando alguns eixos básicos , sem entrar em pormenores.
1 – Valorizar a educação , (ensino) o desenvolvimento de habilidades e de atitudes
positivas.
O fingimento de escolas ensinando pelo “fluxo” , ou seja, escola-passatempo. Onde
o formando , recebe um papel pintado que chama de “diproma”. Tem que terminar,
são pessoas de baixo valor agregado.
2 – Demonstrar a sociedade do protagonismo da indústria de manufaturados e sua
importância na geração de renda.
3 – Engajamento da indústria junto às comunidades, em escolas, entidades e o
poder público com difusão de informações de interesse coletivo.
4 – Que o governo colabore.
O Brasil não quebrou (ainda) porque é muito rico. E tem um agronegócio forte.
Futuramente sem petróleo e sem minério de ferro. Literalmente estaremos ferrados.
O quadro é sombrio , os jovens que vão para mercado de trabalho, via de regra , tem
baixo comprometimento, querem resultados a curto prazo e focam em empregos públicos.
A importação desenfreada de produtos chineses de segunda linha e mais agora com mais os perrengues com USA , denota um horizonte bem difícil.
É bem possível que os sobreviventes desta tragédia anunciada irão surfar em uma nova
onda de oportunidades e incentivos. O desafio é fazer com que o governo aprenda a
não atrapalhar a sociedade .
*Rogério Pons da Silva
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