Quinta-feira, 21 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 20 de agosto de 2025
Em diálogo com o pai, Eduardo Bolsonaro admitiu que movimentação dele nos Estados Unidos tinha como objetivo salvar o ex-presidente, e não conseguir uma anistia para todos os condenados pelo 8 de janeiro de 2023. O material foi obtido do celular de Jair Bolsonaro e instrui o inquérito que investiga no Supremo Tribunal Federal (STF) a tentativa dele de escapar do julgamento sobre a trama golpista e de eventual punição.
Segundo relatório da Polícia Federal (PF) que traz a transcrição dos diálogos, em 7 de julho, Eduardo enviou mensagens ao pai “evidenciando que a real intenção dos investigados não seria uma anistia para os condenados pelos atos golpistas realizados no dia 08 de janeiro de 2023, mas sim, interesses pessoais, no sentido de obter uma condição de impunidade de Jair Bolsonaro na ação penal em curso por tentativa de golpe de Estado”.
“Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar. Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto. Neste cenário vc: não teria mais amparo dos EUA, o que conseguimos a duras penas aqui, bem como estaria igualmente condenado final de agosto”, disse Eduardo.
“Eu acho que não vale a pena, mas te oriento a buscar conselho com outras pessoas. Tire do cálculo o apoio dos EUA, qual estratégia vc tem para atingir qual objetivo? É simples”. Em seguida, concluiu: dizendo que iria “acordar de olho nas redes do Trump, torcendo para (…) que ele já traga novidades sobre ações”.
O inquérito sobre a tentativa de escapar do julgamento ensejou a imposição de medidas cautelares ao ex-presidente. Após o descumprimento delas, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, que não deve ser revogada antes do julgamento da ação sobre a trama golpista, que começa no dia 2.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, foram indiciados pela Polícia Federal nesta quarta-feira (20) por tentativa de obstrução de Justiça. A Polícia Federal também realizou medidas contra o pastor Silas Malafaia, como de busca e apreensão e retenção de passaporte.
A investigação foi aberta em maio pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator dos principais casos que vêm fechando o cerco contra o ex-presidente e seus aliados, como a ação penal da trama golpista e os inquéritos das fake news e das milícias digitais.
Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar Eduardo por articular a aplicação de sanções do governo Donald Trump contra integrantes do STF num momento em que os magistrados se debruçam sobre a trama golpista.
A PGR apontou indícios de crimes como obstrução de Justiça, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito. Agora, com o indiciamento da PF, a Procuradoria vai analisar se há elementos suficientes para apresentar uma denúncia (uma acusação formal) contra o ex-presidente e seu filho.
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