Sexta-feira, 01 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 31 de julho de 2025
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo da gestão Bolsonaro, afirmou que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está “fora da realidade”, num “modo Hollywood”, ao atuar contra o Brasil no tarifaço anunciado pelos Estados Unidos. Santos Cruz também disse que as Forças Armadas não perderam credibilidade por causa do processo da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF).
“O Eduardo Bolsonaro condicionando essas tarifas e decisões judiciais, eu acho forte. Só se colocou no modo Hollywood mesmo, né? Porque não tem cabimento. Ele não tem autoridade nenhuma para isso”, disse o general em entrevista à Coluna do Estadão. Santos Cruz cobrou providências do Congresso e do Supremo contra o parlamentar.
Antes de trabalhar como ministro a poucos metros do gabinete de Bolsonaro no Palácio do Planalto, Santos Cruz chegou ao topo do Exército e comandou a Missão de Paz das Nações Unidas no Haiti e no Congo. O militar da reserva lamentou que colegas de farda sejam réus no STF e tenham sido “tragados por um tsunami político”.
“É desagradável você ter trabalhado com pessoas que você sabe que têm capacidade e depois são tragadas por esse tsunami político completamente irresponsável. Mas isso não tem influência na parte institucional. Eu julgo quase como uma tragédia pessoal”.
— Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
1) Como o senhor avalia o tarifaço dos EUA contra o Brasil? Enquanto o governo fala em soberania, o bolsonarismo tem estimulado o movimento.
A discussão tarifária acontece de vez em quando. O problema é que ela não veio baseada em razões econômicas, mas numa exigência de decisão específica do Judiciário do Brasil. E uma coisa não tem nada a ver com a outra. É um assunto interno. Não pode ser uma exigência de um governo estrangeiro.
2) Além de a carta do presidente dos EUA ter citado Bolsonaro, que Trump diz ser perseguido, Eduardo Bolsonaro tem condicionado, nos Estados Unidos, o fim desse processo de tarifaço à aprovação da anistia ao pai. Como o senhor vê essa tentativa?
O Eduardo Bolsonaro condicionando essas tarifas e decisões judiciais, eu acho forte. Só se colocou no modo Hollywood mesmo, né? Porque não tem cabimento. Não é ele que tem que fazer esse condicionamento, ele não tem autoridade nenhuma para isso. Talvez o deputado Eduardo Bolsonaro esteja vivendo um momento fora da realidade, porque isso não tem cabimento. É um absurdo. É um assunto de governo, que está sendo tratado pelos dois governos, no caso das tarifas. O outro caso (político) nem vai ser tratado, porque pega na soberania, na independência do Poder Judiciário do Brasil. Mas a atitude do deputado é um problema que eu acredito que tem até consequências jurídicas. Não é normal. Inclusive, ele deu uma declaração de que estava trabalhando para que não tivesse sucesso a delegação brasileira de parlamentares que está nos EUA. Tem parlamentares ali da situação do governo, tem parlamentares da própria oposição, né? Dois até foram ministros do governo Bolsonaro, que estão lá na expectativa de resolver o problema para o Brasil. E aí um deputado diz que está trabalhando contra? O nosso Congresso também tem que tomar providência, não pode ser omisso nesse tipo de coisa, senão se desmoraliza também.
3) Uma das integrantes da comitiva do Senado é a senadora Tereza Cristina, que foi ministra da Agricultura no governo Bolsonaro, sua antiga colega de ministério.
Foi uma excelente ministra da Agricultura, tem experiência, teve bons resultados. Por conta disso ela foi eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul, é uma pessoa de qualidade. Nós temos gente de qualidade tanto na situação como na oposição, e tem gente que não tem, na vida é assim. Esse grupo que foi lá é um grupo de gente de qualidade que foi para tentar resolver esse impasse. Ela é um destaque.
4) O senhor vê alguma saída para o impasse?
Vejo. É completamente fora de qualquer expectativa a manutenção desse cenário. O Brasil e os Estados Unidos têm uma relação comercial de longa data. Os EUA são um país importante na economia mundial, mas não vivem sozinhos, né? O Brasil é um país grande, tem produção de muita coisa e os Estados Unidos não conseguem produzir tudo aquilo que consomem. Não tem cabimento estabelecer uma taxa de 50% alegando razões de segurança nacional. O Brasil não tem a mínima agressão nas suas relações comerciais à segurança nacional dos Estados Unidos. Também tem alegação contra um processo que corre no Brasil contra o ex-presidente (Bolsonaro), depois veio uma conversa até sobre a Rua 25 de Março. Acho que isso pode até passar um pouco do dia 1º de agosto, para não desmoralizar a exigência, e depois isso vai ter sido acertado. Ninguém vai desprezar o comércio com um país como o Brasil que é 50% da população de toda a América do Sul e 65% do PIB da região. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)
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