Segunda-feira, 16 de Junho de 2025

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Vivemos hoje no Brasil uma preocupante inversão de valores éticos e morais, com consequências devastadoras para esta e para as próximas gerações.

Os mais recentes resultados das avaliações educacionais mostram um cenário alarmante: o país figura entre os últimos colocados nos rankings internacionais de educação.

Pior ainda, convivemos com um fenômeno grave — o aumento de analfabetos funcionais, inclusive entre os formados no ensino superior. Estima-se que um em cada oito graduados não compreenda plenamente o que lê ou escreve. Que tipo de profissionais estamos entregando ao mercado de trabalho?

Enquanto isso, em contraste com o colapso da educação, o Brasil se transforma no paraíso das apostas online — as chamadas Bets. Bilhões de reais são movimentados diariamente por plataformas de jogos digitais, acessadas por todas as classes sociais. Apesar da exigência legal de idade mínima de 18 anos para apostar, o exemplo que se dá à juventude é claro: o lucro fácil, a sorte e o risco substituem o esforço, o estudo e o trabalho.

O mais paradoxal é que, enquanto o Congresso Nacional ainda discute a legalização de cassinos físicos e bingos, os cassinos digitais operam livremente. Vivemos uma hipocrisia institucionalizada.

Em muitos casos, o dinheiro de auxílios sociais — como o Bolsa Família — é usado por pessoas humildes para alimentar o sonho ilusório de enriquecer por meio de um “clique de sorte”. Essa realidade evidencia uma grave distorção cultural: em vez de apostar no conhecimento, aposta-se na fantasia.

A juventude brasileira cresce cercada por maus exemplos: traficantes endeusados, MCs com discursos violentos e sexistas transformados em ídolos, enquanto professores, muitas vezes perdidos em debates ideológicos, têm dificuldade de cumprir seu papel formador. A exceção fica para os que resistem bravamente, assim como famílias conscientes que ainda tentam salvar seus filhos da avalanche de más influências.

A sociedade parece sem rumo. Há quem seja preso por crimes de opinião, enquanto o crime organizado segue em muitos casos, impune. A justiça se mostra seletiva, e os valores se diluem.

Nosso futuro, como sociedade e como nação, está em risco. Ou reagimos agora para resgatar as próximas gerações ou aceitaremos passivamente a decadência. Estamos diante de uma escolha clara: queremos educação ou Bets?

* Jocelin Azambuja, advogado

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