Domingo, 06 de Outubro de 2024

Home Economia Efeito das enchentes no RS já aparece nos preços de produtos como leite, arroz e batata

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Os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a inflação estão se materializando em alguns itens que compõem o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe), que mede o nível de preço na cidade de São Paulo, de acordo com o coordenador do indicador, Guilherme Moreira. Ele destaca pressões recentes observadas no arroz, batata e, principalmente leite.

A medição “na ponta” do arroz, registrou variação de alta de 2,90% nesta semana, ante 0,23% na leitura anterior. Já a batata passou de 17,28% para 29,37%, enquanto o leite acelerou de 7,94% para 11,76%.

“O impacto no leite parece ser o mais importante até agora. Deve afetar os derivados daqui para frente também”, avalia o coordenador.

Moreira ressalta, porém, que, até o momento, essa pressão tem sido bastante localizada e restrita a alguns itens e que, por isso, o impacto da tragédia climática no Rio Grande do Sul para a inflação como um todo ainda é bem moderado.

A expectativa de Moreira é de desaceleração do IPC-Fipe a 0,07% no encerramento de maio, após alta de 0,33% em abril. “É um nível de inflação já esperado para acontecer nessa época do ano, em linha com a sazonalidade”, aponta.

Moreira salienta, porém, que esse cenário de efeitos moderados na inflação não necessariamente irá se repetir em outros índices de inflação do País, como o IPCA do IBGE, já que o IPC da Fipe mede a inflação apenas na cidade de São Paulo.

“Os itens in natura, por exemplo, são produzidos aqui mesmo na região, então não há esse impacto tão grande”, afirma o coordenador do IPC da Fipe. “A questão que fica para o Rio Grande do Sul é a dificuldade de fazer a própria coleta de preços”, alerta.

Safra de trigo

As enchentes no RS comprometeram as condições do solo e atrasaram a colheita da soja. Isso deve reduzir a área plantada com trigo na safra 2024/25.

Em 2022, o Estado liderou a produção nacional de trigo, com mais de 5,2 milhões de toneladas. Mas a temporada passada teve uma queda de 30%, devido à ação do fenômeno climático El Niño, que também afetou a qualidade das lavouras.

O trigo é geralmente plantado após a soja, mas os atrasos na colheita da soja devido ao excesso de umidade estão causando mais atrasos no plantio do trigo. Ainda há 9% das lavouras de soja que precisam ser colhidas.

A Emater-RS ainda não divulgou a projeção de área para esta safra, e a Companhia Nacional de Abastecimento aposta em uma redução de 10,6% no total cultivado, resultando em 1,3 milhão de hectares.

Fatores que contribuem para isso incluem a capacidade reduzida de investimento e dificuldades na obtenção de crédito por parte dos produtores rurais.

O desafio maior está na região central do estado, onde o cereal ganhou força nos últimos anos e também onde os danos foram expressivos em função dos altos volumes de água.

Além disso, as chuvas intensas erodiram as camadas férteis do solo, levando a perda significativa de nutrientes. As áreas de lavoura precisam se restabelecer antes de receber os cultivos novamente. Os agricultores precisarão de apoio e assistência financeira para se recuperar e garantir safras futuras bem-sucedidas.

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