Domingo, 06 de Outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 28 de maio de 2024
Os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a inflação estão se materializando em alguns itens que compõem o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe), que mede o nível de preço na cidade de São Paulo, de acordo com o coordenador do indicador, Guilherme Moreira. Ele destaca pressões recentes observadas no arroz, batata e, principalmente leite.
A medição “na ponta” do arroz, registrou variação de alta de 2,90% nesta semana, ante 0,23% na leitura anterior. Já a batata passou de 17,28% para 29,37%, enquanto o leite acelerou de 7,94% para 11,76%.
“O impacto no leite parece ser o mais importante até agora. Deve afetar os derivados daqui para frente também”, avalia o coordenador.
Moreira ressalta, porém, que, até o momento, essa pressão tem sido bastante localizada e restrita a alguns itens e que, por isso, o impacto da tragédia climática no Rio Grande do Sul para a inflação como um todo ainda é bem moderado.
A expectativa de Moreira é de desaceleração do IPC-Fipe a 0,07% no encerramento de maio, após alta de 0,33% em abril. “É um nível de inflação já esperado para acontecer nessa época do ano, em linha com a sazonalidade”, aponta.
Moreira salienta, porém, que esse cenário de efeitos moderados na inflação não necessariamente irá se repetir em outros índices de inflação do País, como o IPCA do IBGE, já que o IPC da Fipe mede a inflação apenas na cidade de São Paulo.
“Os itens in natura, por exemplo, são produzidos aqui mesmo na região, então não há esse impacto tão grande”, afirma o coordenador do IPC da Fipe. “A questão que fica para o Rio Grande do Sul é a dificuldade de fazer a própria coleta de preços”, alerta.
Safra de trigo
As enchentes no RS comprometeram as condições do solo e atrasaram a colheita da soja. Isso deve reduzir a área plantada com trigo na safra 2024/25.
Em 2022, o Estado liderou a produção nacional de trigo, com mais de 5,2 milhões de toneladas. Mas a temporada passada teve uma queda de 30%, devido à ação do fenômeno climático El Niño, que também afetou a qualidade das lavouras.
O trigo é geralmente plantado após a soja, mas os atrasos na colheita da soja devido ao excesso de umidade estão causando mais atrasos no plantio do trigo. Ainda há 9% das lavouras de soja que precisam ser colhidas.
A Emater-RS ainda não divulgou a projeção de área para esta safra, e a Companhia Nacional de Abastecimento aposta em uma redução de 10,6% no total cultivado, resultando em 1,3 milhão de hectares.
Fatores que contribuem para isso incluem a capacidade reduzida de investimento e dificuldades na obtenção de crédito por parte dos produtores rurais.
O desafio maior está na região central do estado, onde o cereal ganhou força nos últimos anos e também onde os danos foram expressivos em função dos altos volumes de água.
Além disso, as chuvas intensas erodiram as camadas férteis do solo, levando a perda significativa de nutrientes. As áreas de lavoura precisam se restabelecer antes de receber os cultivos novamente. Os agricultores precisarão de apoio e assistência financeira para se recuperar e garantir safras futuras bem-sucedidas.
No Ar: Pampa Na Madrugada