Quarta-feira, 22 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de agosto de 2023
A relatora da CPMI dos Atos Extremistas, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou que o hacker Walter Delgatti apresentou elementos à comissão que dão “fortes condições” de apresentar o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro ao final dos trabalhos.
Delgatti foi ouvido pela CPMI a pedido de parlamentares governistas. O hacker revelou uma trama envolvendo o ex-presidente e seus assessores que tinha como objetivo fraudar o resultado das eleições presidenciais de 2022.
“Eu diria que hoje os elementos apresentados a essa comissão nos dão fortes condições de ao final termos o indiciamento do ex-presidente Bolsonaro. Precisamos compatibilizar com as quebras que nós estamos defendendo que ocorra. Dentre elas as quebras de sigilos, os relatórios do Coaf e as quebras telemáticas”, afirmou a relatora.
Em entrevista, a senadora afirmou que pretende pedir a quebra dos sigilos de Bolsonaro. Ele ainda não foi alvo de pedidos de quebra de sigilo ou de comparecimento ao colegiado.
A Polícia Federal pediu a quebra de sigilos de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle, e que ambos prestem depoimento no caso dos presentes oficiais negociados de forma ilegal no exterior por assessores presidenciais. Relator do inquérito, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ainda não analisou esses pedidos.
“Nós vamos pedir além do telemático também os RIFs [Relatórios de Inteligência Financeira], porque uma das perguntas que nós temos hoje no nosso plano de trabalho e quem financiou. Nós temos quem pensou, quem projetou, mas temos também quem financiou”, afirmou Eliziane. A relatora explicou que com os relatórios de inteligência financeira em mãos será possível entender o fluxo financeiro que permitirá chegar aos financiadores dos ataques de 8 de janeiro.
O hacker na CPMI
Preso desde o dia 2 de agosto por invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Delgatti ficou conhecido nacionalmente em 2019, quando vazou mensagens de diversas autoridades envolvidas na operação Lava-Jato. O episódio, investigado na operação Spoofing, ficou conhecido como “Vaza-Jato”.
À CPMI, Delgatti afirmou, por exemplo, que:
– Bolsonaro prometeu a ele um indulto caso fosse preso por ação contra urnas eletrônicas;
– o ex-presidente citou um ‘grampo’ contra Moraes e pediu a Delgatti que ‘assumisse autoria’ da invasão;
– o marqueteiro de Bolsonaro na campanha pediu um ‘código-fonte’ fake para apontar fragilidade nas urnas.