Sexta-feira, 05 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 5 de setembro de 2025
O conselho da Tesla apresentou nesta sexta-feira (5) um pacote de remuneração que pode transformar Elon Musk no primeiro trilionário do mundo, caso cumpra metas corporativas consideradas extremamente ambiciosas.
O plano prevê o pagamento integral em ações da Tesla e será votado pelos acionistas em assembleia marcada para 6 de novembro. Para receber a quantia total, Musk teria que multiplicar por oito o valor de mercado da montadora ao longo da próxima década, elevando-a de US$ 1,1 trilhão para US$ 8,5 trilhões. Isso adicionaria cerca de US$ 900 bilhões ao seu patrimônio, hoje estimado em mais de US$ 400 bilhões pela Forbes.
O executivo precisaria permanecer na companhia por pelo menos sete anos e meio para começar a resgatar os papéis e uma década para ter acesso à totalidade. Além disso, o plano prevê metas operacionais, como colocar em funcionamento um milhão de táxis autônomos, lançar robôs humanoides e multiplicar o lucro da Tesla em mais de 24 vezes.
Segundo a presidente do conselho, Robyn Denholm, e a diretora Kathleen Wilson-Thompson, “reter e incentivar Elon é fundamental para que a Tesla alcance esses objetivos e se torne a empresa mais valiosa da história”.
O pacote deve enfrentar críticas de investidores que acusam Musk de má gestão e comportamento prejudicial à empresa. As vendas e os lucros da Tesla recuaram no último ano, enquanto o executivo se envolvia em disputas políticas e dedicava tempo a outros negócios, como a SpaceX e a startup de inteligência artificial xAI, dona da rede social X.
O plano não impõe restrições ao tempo que Musk dedica a outras atividades. Ele repete o modelo de um acordo firmado em 2018, que lhe concedeu milhões de ações após metas consideradas improváveis. Embora alcançadas, o pacote foi anulado pela Justiça de Delaware por falta de transparência. A Tesla recorreu da decisão e incluiu no novo documento medidas para restaurar o plano anterior caso perca a ação.
Se aprovado, o novo pacote será mais difícil de contestar, já que a empresa mudou sua sede de Delaware para o Texas, onde a lei dificulta ações judiciais de pequenos acionistas.
Apesar de pioneira no mercado de carros elétricos, a Tesla perdeu espaço para montadoras chinesas, como BYD e Geely, e corre risco de ser ultrapassada pela Volkswagen. Analistas atribuem parte do declínio ao foco de Musk em projetos de retorno incerto, como a picape Cybertruck, em detrimento de modelos mais acessíveis.
Musk, porém, insiste que o futuro da empresa está na inteligência artificial, nos carros autônomos e em robôs humanoides. No início da semana, a Tesla apresentou o “Master Plan IV”, no qual projeta uma era de “abundância sustentável” baseada em energia solar, veículos autônomos e automação em larga escala.
De acordo com o plano, Musk teria direito a 35 milhões de ações caso o valor da Tesla atinja US$ 2 trilhões, com ganhos adicionais se chegar a US$ 8,5 trilhões. O lucro operacional também teria de saltar de US$ 17 bilhões, em 2023, para US$ 400 bilhões.
Embora não possa vender os papéis imediatamente, Musk poderá votar nas assembleias, ampliando sua influência. Caso acumule todas as ações, sua participação na empresa subiria de 13% para 25%, antes dos impostos.
Para alcançar tais metas, a Tesla teria de superar a Nvidia, atualmente a companhia de capital aberto mais valiosa do mundo. O plano foi aprovado pelo conselho com abstenção de Elon Musk e de seu irmão Kimbal, também conselheiro.