Sábado, 18 de Maio de 2024

Home Você viu? Elon Musk pode virar o “Cidadão Kane” da era digital se comprar o Twitter

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E se uma das ferramentas de informação mais relevantes do mundo pertencesse a um bilionário temperamental que pudesse fazer o que quisesse com ela? Estamos falando da proposta de Elon Musk para comprar o Twitter. Sua oferta é calculada em mais de US$ 43 bilhões, o que é muito dinheiro até mesmo para Musk, presidente da Tesla e dono da SpaceX. A carta de Musk propondo a comprar do Twitter dizia que ela estaria condicionada a encontrar ajuda para pagar pela aquisição. Ela não dizia de onde o dinheiro poderia vir.

Já estamos na segunda semana do romance público e instável entre Musk e o Twitter, e talvez haja mais esquisitice no futuro. Mas imagine que Musk acabe comprando o Twitter dos acionistas que são proprietários dele. A comparação mais próxima a isso talvez seja a de barões dos jornais do século 19, como William Randolph Hearst, Joseph Pulitzer e o fictício Charles Foster Kane, que usavam suas publicações para acompanhar pautas de interesse pessoal, sensacionalizar acontecimentos mundiais e importunar seus inimigos.

Não tivemos de fato um Cidadão Kane da era digital, mas Musk talvez venha a ser ele. E a influência global do Twitter é provavelmente maior e mais poderosa que a de qualquer jornal da época de Hearst.

A compra do Washington Post por Jeff Bezos e o império midiático de Rupert Murdoch estão próximos, mas isso seria um marco: a compra de um barão da tecnologia do século 21 de uma plataforma digital de importância global, com o objetivo de reformulá-la a sua imagem. “Seria um retrocesso aos dias de ‘Cidadão Kane’, de barões da imprensa usando seus jornais para promover suas causas favoritas”, diz Erik Gordon, professor da escola de negócios da Universidade de Michigan.

Sem limites

O plano favorito de Musk é um Twitter que funcione da maneira como ele usa a plataforma: sem restrições. Ele imagina uma rede social transformada, por ele, em um modelo de expressão sem limites teóricos.

É basicamente a mesma proposta do ex-presidente Donald Trump para seu aplicativo, o Truth Social. Vários outros sites de redes sociais também prometeram possibilitar encontros na internet sem as regras arbitrárias impostas por empresas como Twitter, Google e Facebook. Mas esses sites permanecem relativamente pequenos e sem importância em comparação com o Twitter.

A proposta de Musk para comprar o Twitter, portanto, equivaleria a um experimento de mundo real em um aplicativo de rede social paralelo sem restrições sobre o que as pessoas podem fazer e dizer.

O Truth Social não permite a liberdade de expressão absoluta. Poucas pessoas querem ter os feeds de suas redes sociais entupidas por spam com anúncios de criptomoedas, propostas de recrutamento para terroristas ou assédio a crianças. Ninguém tem certeza de como seria um Twitter que não presta contas a ninguém além de Musk.

É divertido imaginar o que você faria se fosse o chefe do Twitter, mas não é tão divertido ser o chefe de verdade do Twitter. Mark Zuckerberg não parece estar se divertindo no comando do Facebook. Se o Twitter fosse de propriedade exclusiva de Musk, ele não precisaria se preocupar com as mudanças do preço das ações da empresa ou com as exigências dos acionistas, como Zuckerberg. Mas isso não significa que Musk estaria livre de irritações.

Quando você tem um site poderoso na internet, pode acabar na posição de receber ameaças do governo russo para prender seus funcionários devido a publicações que ele não gosta ou de um familiar perguntar por que um assediador pode importuná-lo em suas mensagens privadas. Musk talvez não queira lidar com os detalhes sórdidos de ser dono de uma ferramenta de influência global, mas ele não teria escolha caso fosse o único proprietário.

Pressão

Os executivos e diretores do Twitter estão em uma situação dificílima. A empresa disse que seu conselho “analisaria cuidadosamente” a proposta de Musk e decidiria o que acredita ser do melhor interesse do Twitter e de seus acionistas.

A diretoria da rede social poderia concordar com a oferta de Musk, e ele poderia decidir que conseguir dinheiro para comprar a plataforma e transformá-la em um paraíso imaginário de liberdade de expressão não é a melhor maneira de gastar seu dinheiro, tempo e energia. Então, o Twitter teria uma oferta de aquisição inútil.

A diretoria do Twitter poderia rejeitar a proposta de Musk com o argumento de que a empresa tem um plano de longo prazo que a tornaria mais valiosa que o valor oferecido por Musk. Nesse caso, o bilionário talvez vendesse os bilhões de dólares em ações que comprou. O preço dos papéis provavelmente despencaria.

O presidente do Twitter, Parag Agrawal, talvez prefira arrancar as unhas dos pés a lidar com semanas de drama confuso em relação a Musk. Pode ser que não seja uma boa ideia para o bilionário continuar se envolvendo em um drama confuso com o Twitter.

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