Terça-feira, 24 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 23 de junho de 2025
O coronel da reserva Marcelo Câmara afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não fez contato com o delator Mauro Cid após sua soltura em maio do ano passado. A declaração foi feita em audiência de custódia na quinta-feira (19), um dia após voltar à prisão por determinação do ministro Alexandre de Moraes. O vídeo da audiência foi incluído nos autos de uma das ações penais do Supremo relacionadas à trama golpista nesta segunda (23).
“Desde que que fui solto, em 16 de maio, eu procurei seguir todas as medidas cautelares que me foram impostas, inclusive essa que eu estou sendo acusado de ter quebrado. Eu não conversei com o colaborador, nem por terceiros”, disse Câmara.
O coronel foi preso na última quarta (18) acusado de descumprir medidas cautelares que o impossibilitavam de manter contato com os demais investigados da trama golpista, inclusive por meio de terceiros. Ocorre que o advogado de Câmara, Luiz Eduardo Kuntz, divulgou na última semana a íntegra de conversas que manteve com Mauro Cid de janeiro a março de 2024 pela rede Instagram.
No diálogo, o delator supostamente conta detalhes de seus depoimentos à Polícia Federal e faz desabafos sobre a falta de apoio de seus antigos aliados.
“O mais f*** é sentir que eu estou ferrando todo mundo”, diz o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro em uma das mensagens. “Fruto de uma perseguição que eu não tive maldade que iria acontecer.”
Kuntz divulgou o diálogo para argumentar que o tenente-coronel demonstrava não ter prestado os depoimentos de sua colaboração voluntariamente. Para ele, esse seria motivo para que o acordo de delação fosse invalidado pelo Supremo.
Nas conversas, Kuntz faz perguntas para Cid específicas sobre o que havia dito sobre Câmara à PF. “No seu acordo, vc tinha incluído deixar o Câmara de fora Tb ou ele não?”, perguntou.
“Pedi para o Dr Cezar verificar isso”, teria respondido Cid, em referência ao advogado Cezar Bittencourt. “Pq ele havia me dito que ele aceitou tudo.”
Na audiência de custódia, o advogado Luiz Eduardo Kuntz argumentou que a ordem de prisão de Câmara deveria ser considerada nula. Isso porque as conversas que ele manteve com Cid ocorreram no período em que Câmara ainda estava preso —antes, portanto, da vigência das medidas cautelares.
“Impossível que se descumpra algo que até então não tinha sido definido ou decretado. Nesse sentido, peço que seja revista a prisão, revogada a sua cautelaridade custodiar e seja reimposta as outras medidas cautelares, com tornozeleira eletrônica”, disse.
Marcelo Câmara é réu no STF por suposta participação na trama golpista. O militar da reserva era assessor especial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), membro dos grupos mais próximos do ex-mandatário.
Ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República de monitorar a localização do ministro Alexandre de Moraes —um dos alvos das ações clandestinas para viabilizar o golpe de Estado. A defesa de Câmara formalizou no Supremo nesta segunda o pedido de soltura do militar. A decisão cabe a Moraes. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
No Ar: Pampa Na Madrugada