No discurso, Bolsonaro falou dos escândalos de corrupção que envolveram a Petrobras e comemorou as manifestações populares convocadas por ele no 7 de Setembro.
“O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade”, disse Bolsonaro, referindo-se indiretamente a Lula.
“Esse é o Brasil do passado”, disse Bolsonaro.
Em abril do ano passado, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou condenações de Lula no âmbito da Operação Lava-Jato, garantindo ao petista os direitos políticos para concorrer nas eleições presidenciais de 2022. Na ocasião, o STF considerou a Vara Federal de Curitiba (PR) incompetente para julgar o ex-presidente, remetendo os casos para o Judiciário em Brasília e São Paulo.
Demonstração cívica
No final de seus discurso, o presidente destacou a participação popular por ocasião das comemorações do 7 de Setembro, o Bicentenário da Independência, repetindo seu bordão tradicional.
“Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira”, disse. “Foi a maior demonstração cívica da história do nosso País, um povo que acredita em Deus, pátria, família e liberdade”, exaltou.
Em linha com o discurso da campanha, Bolsonaro disse ser um “defensor incondicional” da liberdade de expressão, citando nesse ponto a liberdade de orientação religiosa. Ele criticou ações do governo da Nicarágua em relação a autoridades católicas e fez um aceno.
Estrangeiros
O discurso de Bolsonaro nesta terça na ONU chocou os governos estrangeiros por ter transformado a tribuna em um palanque eleitoral. Mesmo considerado como “mais moderado” nos ataques contra a comunidade internacional, observadores internacionais deixaram claro que Bolsonaro foi o retrato de um país “apequenado” no mundo, que não atua como protagonista e que perdeu seu lugar de porta-voz dos países em desenvolvimento.
Depois de uma passagem conturbada por Londres para o funeral da rainha Elizabeth II, agora foi a vez de a tribuna das Nações Unidas ser transformada em parte da campanha.
Em sua fala nesta terça, a lista de supostos feitos de seu governo no plano doméstico foi recebida com incompreensão por diplomatas estrangeiros que estavam na sala na ONU, além de questionamentos sobre a transferência de brigas partidárias domésticas ao palco internacional. Chamou a atenção a omissão a qualquer referência aos quase 700 mil mortos na pandemia, às queimadas e desmatamento recorde, à destruição dos mecanismos de direitos humanos e seus ataques contra a democracia.