Quarta-feira, 18 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de junho de 2025
Mais de 600 pessoas entre acadêmicos, pecuaristas e demais profissionais ligados à agropecuária acompanharam o primeiro dia da XX histórica edição da Jornada NesPro e Congresso Internacional de Criadores, evento promovido em parceria entre o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NesPro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Instituto Desenvolve Pecuária, nesta terça-feira, 17, no BarraShoppingSul, em Porto Alegre, RS.
O coordenador do NesPro, professor Júlio Barcellos, destacou o momento de celebração de 20 edições de jornada e comemorou a parceria com o Instituto Desenvolve Pecuária que “tirou o pecuarista da propriedade para um ambiente urbano”. Segundo ele, o propósito do evento é ser um espaço transformador para o setor. Já a presidente do Instituto, Antonia Scalzilli, afirmou que, o mundo mudou e o campo também. “Precisamos evoluir, mas sem perder a essência. As inovações nascem das atitudes e participar deste evento é uma delas.”
A CEO da Agrifatto, Lygia Pimentel, destacou a importância de observar os ciclos da pecuária devido à redução das margens da atividade ao longo do tempo. A especialista comparou números da pecuária dos anos 1970, quando a lucratividade era quatro vezes superior ao atual momento do setor. Para Lygia,os pecuaristas devem buscar as “janelas de oportunidades” que o ciclo propicia. “Em épocas de preço baixo, o produtor precisa ter o cuidado de não se desfazer de plantel, pois isso pode gerar a falta de animais para aproveitar os preços melhores que virão. Investir com inteligência.” Isso significa, segundo a especialista, conseguir comprar esse gado agora, nesta fase de baixa de ciclo, esperando a valorização mais à frente.
A alimentação do gado ao longo do ano também é um desafio que foi abordado na primeira etapa do evento. O engenheiro agrônomo Pedro Arthur de Albuquerque Nunes, professor e pesquisador na UFRGS, palestrou sobre a conservação de forragens para um ambiente instável. Nunes ressaltou a importância do manejo de forragens na redução de ameaças no contexto de riscos climáticos sucessivos do RS. Da mesma forma, apresentou um planejamento de produção envolvendo o manejo de pastagens que possibilite encaixes e ajustes de espécies forrageiras.
O objetivo, conforme Albuquerque, é manejar diferentes espécies forrageiras. “Para que possibilite ao produtor ter, ao logo dos 365 dias do ano, o alimento para os seus rebanhos, evitando reduzir desempenho e que, quando vem o desafio climático, o produtor esteja mais tranquilo, mais seguro e consiga passar por este desafio com maior tranquilidade”, justificou o professor.
O zootecnista Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, enfocou a importância da adoção da ciência dos dados pelo setor. Ele destacou a importância da interpretação dos dados históricos para projetar o futuro do setor quanto a preços e aquisição de insumos e bezerros.
Pecuária, guerra e consumo
O ex-ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai Fernando Mattos abordou as novas fronteiras da produção de carne bovina, e diante da realidade atual, considerou “difícil ser otimista” pelas prováveis recessão e inflação em nível mundial. Mattos fez críticas à retirada da vacinação contra a febre aftosa em todo o Brasil, mas reconheceu que o Rio Grande do Sul tem condição diferenciada.
Já o médico Fernando Bastos, detalhou a relevância da carne para a saúde humana e, sobretudo, contestou as informações que o consumo de carne é prejudicial às pessoas. Conforme ele, há “interesses financeiros por trás das sociedades que ditam as orientações nutricionais”, incluindo as empresas de fármacos. Ele explicou que a carne é importante para o controle de diabetes e doenças autoimunes, entre outras. “Vocês (pecuaristas) não produzem carne, vocês produzem remédio, que curam as pessoas”, finalizou.
O evento prossegue na quarta-feira quando, entre outros temas, haverá uma mesa-redonda com pecuaristas do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai.
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