Sábado, 04 de Maio de 2024

Home Notícias Em São Paulo, festa com simulação de sexo ameaça vereadora do PT e fustiga aliado do governador do Estado

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Uma festa promovida por um movimento cultural de apoio à comunidade LGTQIAP+ virou motivo de dor de cabeça para políticos de correntes distintas em Campinas, no interior de São Paulo. O evento “Lambuzada”, realizado em 14 de abril em uma praça do distrito de Barão Geraldo, teve performances que foram alvo de acusações de que promoviam “cenas de nudez, simulação de sexo explícito, apologia ao crime e incentivo ao uso de drogas”.

As críticas ao evento constam de uma representação contra a vereadora Paolla Miguel (PT), que chegou a discursar na festa e havia destinado R$ 10.690 via emendas parlamentares para a sua realização. A Câmara de Campinas decidiu, na semana passada, instaurar uma comissão para analisar o pedido que pode levar à cassação do mandato da petista.

Para o autor da ação, vereador Nelson Hossri (PSD), sua colega no Legislativo apoiou uma “balbúrdia” em ato “incompatível com a dignidade e o decoro de uma vereadora”. Hossri acusa Paolla de ter “exercido o mandato sem dignidade e respeito à coisa pública”, o que para o autor é “inaceitável e merece uma resposta enérgica” da Câmara.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram que, em uma das apresentações da festa no centro da polêmica, houve simulação de sexo oral entre bailarinos que estavam no palco. Letras de algumas das músicas estão reproduzidas na representação contra Paolla Miguel, onde se leem incontáveis (e explícitas) menções a atos sexuais e palavras de baixo calão.

A vereadora disse que os recursos destinados por ela para a festa visaram apenas à contratação de banheiros químicos, instalação de grades e montagem do palco. Paolla negou que soubesse a programação do evento e disse que, embora tenha “passado por lá”, não chegou a presenciar as cenas que foram criticadas.

“A extrema-direita está querendo reduzir toda a atuação do nosso mandato a esse episódio. Acho sim que o que aconteceu ali foi inadequado, mas não participei da escolha dos artistas nem discuti o conteúdo que seria apresentado. Se soubesse, teria sugerido que a prefeitura dialogasse com os produtores para que não fosse realizado em praça pública”, disse Paolla.

Em meio aos ataques, a vereadora pediu afastamento temporário do diretório nacional do PT para “ter mais tranquilidade e tempo para lidar com o processo” que agora enfrenta na Câmara.

A petista também é alvo de uma representação levada ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pelo deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania), que requer a devolução de recursos “utilizados de maneira indecorosa”. O pedido também atinge a secretária municipal de Cultura, Alexandra Capriolli, e o prefeito da cidade, Dário Saadi (Republicanos), que é aliado do governador Tarcísio de Freitas.

Para o autor da representação, Dário foi “negligente” ao liberar recursos sem verificar previamente sua destinação. Embora o prefeito tenha feito críticas à festa, que considerou “deprimente” e “inconcebível”, alguns internautas também o responsabilizaram pelo evento, uma vez que este foi promovido pela sua Secretaria de Cultura. Dário disse que os produtores da festa “não farão mais eventos” durante seu governo e que está “atuando firme para punir os responsáveis”.

Visando a dar respostas às críticas, a prefeitura publicou uma portaria em 16 de abril, dois dias após a festa da Bicuda, em que alterou as regras para a classificação indicativa de eventos culturais na cidade, tornando essa sinalização obrigatória e delegando a responsabilidade aos organizadores dos eventos.

A Bicuda, organizadora da “Lambuzada”, informou em nota que “no momento em que foi percebida a conduta considerada inadequada para o local, foi solicitado aos artistas que interrompessem o ato, que não passou de dois minutos em um evento com oito horas de duração”.

Os produtores da festa reafirmaram que a vereadora Paolla Miguel “não tinha conhecimento do conteúdo das apresentações”, e acrescentou que estão em contato com a Secretaria da Cultura para definir a classificação etária adequada de seus eventos e “evitar constrangimentos dessa natureza”.

“Em respeito à liberdade artística dos convidados, a Bicuda não solicita o conteúdo prévio do que será apresentado, pois são performances que expressam importantes pautas da comunidade LGTQISPN+ a partir da vivência dessa realidade. Mas entendemos que, por se tratar de uma apresentação em espaço com acesso aberto ao público, deveríamos ter nos atentado para a possibilidade de conteúdos inadequados para a faixa etária de crianças e adolescentes”, disse o grupo, que atua em Campinas desde 2018.

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