Domingo, 28 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 27 de setembro de 2025
A ByteDance, empresa chinesa controladora do TikTok provavelmente receberá cerca de metade do lucro da operação da plataforma de vídeos curtos nos Estados Unidos, mesmo após vender a maioria da propriedade para investidores americanos como parte de um acordo articulado pelo presidente Donald Trump, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
Espera-se que a ByteDance receba uma taxa de licenciamento sobre toda a receita gerada pelo uso de seu algoritmo pela entidade operacional nos EUA, assim como uma parcela do lucro proporcional à sua participação acionária, disseram as fontes, pedindo para manter o anonimato.
No geral, a empresa-mãe com sede em Pequim provavelmente ficará com 50% ou mais do lucro total da operação nos EUA após os novos proprietários assumirem o controle, disseram as fontes.
O acordo de divisão de lucros é o mais recente capítulo de um drama corporativo extraordinário que se desenrolou ao longo de vários governos dos EUA. O presidente Joe Biden assinou uma lei exigindo que a ByteDance entregasse o controle das operações do TikTok nos EUA a proprietários americanos ou enfrentasse o encerramento da plataforma nos país.
Desde seu retorno ao cargo, Trump tem repetidamente adiado o prazo para a venda enquanto negocia um compromisso para manter o serviço funcionando — frequentemente afirmando que o apoio no TikTok ajudou-o a vencer a eleição de 2024.
Na semana passada, o presidente americano conversou por telefone com Xi Jinping, da China, sobre o acordo, e o lado americano disse que os líderes haviam chegado a um consenso para a venda. No entanto, as autoridades chinesas se recusaram a confirmar esse consenso, e os termos da transação ainda não foram definidos.
Na quinta-feira (25), o vice-presidente JD Vance aumentou a confusão ao afirmar que o preço da venda seria de cerca de US$ 14 bilhões — muito abaixo da estimativa de US$ 35 a 40 bilhões que os analistas haviam previsto.
O acordo de divisão de lucros pode explicar essa discrepância. Sob a proposta atual, o TikTok EUA pagaria à ByteDance uma alta taxa de licenciamento sobre a receita que obtém pelo uso de seu algoritmo, a tecnologia no centro do negócio responsável por tornar o serviço viciante.
A ByteDance poderia receber 20% desses direitos sobre a receita incremental, ou seja, a receita gerada pelo algoritmo, disse uma das fontes. Sob esses termos, por exemplo, com US$ 20 bilhões em receita, a ByteDance poderia receber até US$ 4 bilhões.
Além disso, a gigante chinesa receberia aproximadamente 20% do lucro da receita restante, em linha com sua participação acionária remanescente. O consórcio apoiado pelos EUA — que provavelmente incluirá Oracle, Silver Lake Management e MGX, com sede em Abu Dhabi, além dos investidores atuais — dividiria o lucro restante. Espera-se que esse grupo possua cerca de 80% do negócio nos EUA.
Essa distribuição de lucros na nova empreitada ilustra por que há uma diferença tão grande entre a avaliação que muitos analistas fizeram do negócio americano e o preço sugerido pela administração Trump.
Ashwin Binwani, fundador da Alpha Binwani Capital e que não possui ações da ByteDance, disse que a proposta de US$ 14 bilhões “poderia ser a aquisição de tecnologia mais subvalorizada da década”. Ele estimou que o valor divulgado reflete um terço do valor real do TikTok:
“Por todos os principais indicadores financeiros e comparações com empresas do mesmo setor, esse preço parece dramaticamente desalinhado com a realidade.”
Vance disse ainda que os compradores “finalmente” determinarão o valor pago. Não está claro quão próximos a ByteDance e o consórcio comprador estão de finalizar os termos do negócio.
A embaixada chinesa em Washington respondeu aos últimos comentários de Trump reiterando uma declaração anterior sobre o assunto.
“O lado dos EUA precisa fornecer um ambiente aberto, justo e não discriminatório para investidores chineses”, afirmou. (Com informações da Bloomberg)