Domingo, 19 de Maio de 2024

Home Rio Grande do Sul Enchente isola Porto Alegre e aprofunda gestão da pior crise climática do Brasil

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O Rio Grande do Sul está envolto há dias numa tarefa dramática: ao mesmo tempo que conta seus mortos — já são 85, segundo números mais atualizados da Defesa Civil —, corre para localizar gente desaparecida, manter vivo quem se feriu e resgatar “ilhados”, para que mais ninguém entre nas estatísticas macabras que causam dor a uma população que ainda se recuperava da passagem de um ciclone, que deixou 54 óbitos e um rastro de destruição por onde passou, em 2023. O Estado enfrenta o segundo evento climático em menos de um ano — só que desta vez mais forte e sem precedentes.

Até o momento, mais de 1 milhão de pessoas foram atingidas de alguma forma pela maior enchente registrada na história do Estado — e que coloca o Brasil na lista dos países mais afetados pela desordem do clima. Os números do caos seguem: ao menos 400 mil pontos estão sem energia elétrica e outras 850 mil residências gaúchas não têm água. Os serviços de telefonia e internet não estão funcionando em dezenas de municípios.

Segundo a Defesa Civil, há mais de 110 trechos de rodovias com bloqueios totais ou parciais pelo rompimento de pontes, acúmulo de água ou desabamento de encostas — entre elas, algumas das principais vias que cortam o Rio Grande do Sul, como as BRs-116 e 386.

A água serpenteou pelo interior do Estado ao longo dos últimos dias e, agora, chega com mais força à capital, Porto Alegre, que se vê isolada por terra — com a rodoviária e importantes vias de acesso tomadas por água e lama — e pelo ar, com o aeroporto Salgado Filho fechado, até o fim do mês, sem nenhum avião autorizado a fazer pouso ou decolagem.

Mesmo mais estruturada, a situação de Porto Alegre preocupa. O lago Guaíba, cartão-postal que margeia a capital gaúcha, é o repositório do aguaceiro que escorreu pelo interior e fez subir o seu volume ao nível inédito de 5,33 metros, na tarde de domingo (5).

As águas cobrem ruas e avenidas de norte a sul da capital, incluindo o Centro Histórico, inundam pontos que nunca haviam sido alcançados pelas cheias e expulsam de casa um número ainda incerto de moradores. As aulas escolares foram suspensas, e as escolas da capital viraram abrigos temporários.

O Sarandi, bairro da zona norte com 91,3 mil moradores, foi o primeiro a receber a ordem de evacuação. O transbordamento de um dique deve levar um volume expressivo de água à região, causando destruição às moradias e colocando quem estiver por lá em perigo, alertou o Centro Integrado de Coordenação de Serviços (Ceic), órgão da prefeitura de Porto Alegre.

Nessa segunda (6), residentes dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus tiveram de deixar suas casas por conta do desligamento de duas casas de bombeamento, o que causou inundação nas regiões.

O rápido aumento do nível do Guaíba e de seus afluentes provoca uma corrida por resgates em Porto Alegre e nas cidades vizinhas de Eldorado do Sul e Canoas.

Moradores ilhados têm usado as redes sociais e grupos de WhatsApp para compartilhar sua localização em pedidos por socorro, e usuários atualizam mapas online com endereços de pessoas isoladas.

Dezenas de voluntários que praticam esportes náuticos ou pescam no Guaíba se somaram às equipes do Exército, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil na busca por moradores que estão em comunidades tomadas pelo rio.

Equipes de socorristas de ao menos outros nove Estados do país atuam nas operações, sobretudo em localidades onde o socorro precisa chegar do céu. Em uma cena que viralizou nas redes sociais, um homem do Comando de Aviação do Exército quebrou o telhado de uma casa ilhada com um tijolo e içou um bebê em um helicóptero em Lajeado, no Vale do Taquari.

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