Sábado, 20 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de dezembro de 2025
As enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024, deixando 184 mortos e 25 desaparecidos, atravessaram o futebol e mudaram completamente a rotina do Grêmio. Dos 497 municípios gaúchos, 478 foram atingidos por alagamentos, inundações e deslizamentos de terra, cenário que impactou diretamente atletas, comissão técnica e funcionários do clube.
Em entrevista, Thaissan Passos, então treinadora da equipe feminina, recordou o choque vivido ao retornar de uma partida contra a Ferroviária:
“A gente joga contra a Ferroviária, chega no Rio Grande do Sul e vê a água subindo. Em menos de três horas, pessoas pedindo socorro. Duas semanas antes, a gente tinha jogado no nosso estádio, que estava lotado, contra o Fluminense. As pessoas pagaram ingresso, gritaram, a gente foi campeão. E depois, dois ou três torcedores que estavam naquele jogo me encontram na Uber e falam: ‘Pô, me ajuda, eu não consigo achar minha família, eu perdi tudo’”, relatou.
Com centros de treinamento interditados e logística comprometida, o cotidiano passou a ser guiado por urgências que iam muito além da preparação para jogos. Jogadoras e comissão técnica se engajaram em ações de solidariedade: arrecadação e distribuição de doações, visitas a abrigos e atividades com crianças que haviam perdido casas e referências.
O impacto emocional foi imediato. Muitas atletas lidavam com perdas pessoais e familiares desalojados. A comissão técnica precisou adaptar treinos, cargas e até a comunicação interna, entendendo que manter o grupo unido era tão importante quanto qualquer ajuste tático.
Mesmo diante de condições adversas, o Grêmio retomou o Brasileirão feminino apoiado em um forte senso coletivo.
“As atletas foram fenomenais. A Pri Back, a Vivi, a Dani Barão eram meninas que não dormiam. Elas não conseguiam dormir porque não aceitavam estar comendo ou descansando enquanto tinha alguém precisando de ajuda”, relembrou a treinadora.