Sábado, 10 de Maio de 2025

Home Mundo Entenda o escândalo com criptomoeda que coloca pressão sobre o presidente Javier Milei na Argentina

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Desde que publicou, na última sexta-feira (14), uma mensagem em que faz referência a uma criptomoeda, o presidente argentino Javier Milei está envolto em uma polêmica que faz com que a oposição passe a falar de impeachment, que aliados façam críticas e que motivou uma investigação anunciada pelo próprio governo para esclarecer o caso.

A crise foi desencadeada por uma mensagem na qual Milei apontou que a criptomoeda $LIBRA incentivaria o crescimento da Argentina e deixou um link para o investimento. Após a mensagem, o ativo teve um aumento de 10 vezes em seu preço, mas despencou nas horas seguintes, fazendo com que milhares de investidores perdessem dinheiro investido. Milei então apagou a mensagem e disse que não estava ciente de detalhes do projeto.

Postagem

Na sexta, por meio da rede social X, Milei divulgou a memecoin $LIBRA, o que levou a uma valorização relâmpago do ativo virtual. Na mensagem ele diz: “A Argentina Liberal cresce. Este projeto privado se dedicará a incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos. O mundo quer investir na Argentina”.

A mensagem vinha acompanhada do link para que os interessados pudessem fazer o investimento, além do nome da criptomoeda: $LIBRA.

Após a postagem de Milei, a criptomoeda começou a se valorizar de forma muito rápida, atingindo valor próximo a US$ 5 mil em poucas horas.

Queda forte 

Após a disparada por conta do alto volume de investimento, os desenvolvedores da moeda passaram então a vender seus ativos, o que fez com que a moeda perdesse praticamente todo seu valor.

De acordo com o jornal argentino “La Nacion”, cerca de 80% dos ativos de $LIBRA estavam nas mãos dos desenvolvedores, que criaram o site para divulgar a moeda instantes antes de Milei fazer sua divulgação.

Com isso, a venda em massa após a valorização fez com que a moeda entrasse em colapso. De acordo com o ‘La Nacion’, o volume de recursos movimentados pelas compras e vendas chegou a US$ 4,5 bilhões no intervalo de duas horas.

Em meio ao colapso da criptomoeda, Milei apagou a mensagem e publicou uma nova em suas redes sociais na madrugada de sábado. Nela, argumenta que não tinha detalhes sobre a criptomoeda que acabara de divulgar.

“Há algumas horas publiquei um tuíte, como tantas outras infinitas vezes, apoiando um suposto empreendimento privado com o qual obviamente não tenho vinculação alguma. Não estava informado dos detalhes do projeto e logo que fui informado decidi não seguir divulgando (por isso apaguei o tuíte). Às ratas imundas da casta política que querem aproveitar esta situação para provocar dano, quero dizer que todos os dias confirmam quão rasteiros são os políticos e aumentam nossa convicção de tirarmos (do poder) com chutes no c…”

Pressão

O episódio fez com que a oposição iniciasse uma pressão por investigação e até mesmo um impeachment do presidente argentino. Deputados do bloco União pela Pátria, liderado pelo peronismo, começaram a preparar o pedido para derrubar o presidente, chamando o caso de “escândalo sem precedentes” e “fraude em criptomoedas”.

Mesmo o ex-presidente Mauricio Macri, aliado ao governo, compartilhou nas redes um documento do partido que fundou, o PRO, que expressa preocupação com o escândalo, enfatizando que o caso “afeta a credibilidade do País” e deve ser investigado minuciosamente. Contudo, o comunicado ressalta que o movimento não é favorável a um julgamento político no caso.

No domingo (16), advogados argentinos apresentaram acusações de fraude contra o presidente em um tribunal criminal. Jonatan Baldiviezo, advogado e um dos autores da ação, disse à AP que eles viram uma associação ilícita para cometer “um número indeterminado de fraudes” no episódio. “Dentro dessa associação ilícita, foi cometido o crime de fraude, no qual as ações do presidente foram essenciais”, disse.

Reação

Em meio às pressões da oposição e à repercussão do caso na imprensa argentina, o governo argentino anunciou, na noite do sábado, que instalaria uma “investigação urgente” sobre o caso. A presidência argentina anunciou que, “à luz dos acontecimentos, Milei decidiu encaminhar imediatamente o assunto ao Escritório Anticorrupção (OA) para determinar se houve conduta imprópria por parte de qualquer membro do governo nacional, incluindo o próprio presidente”.

O comunicado divulgado pelo governo também anunciou a criação de uma “Força-Tarefa Investigativa” na órbita do presidente, encarregada de “iniciar uma investigação urgente sobre o lançamento da criptomoeda $LIBRA e todas as empresas ou pessoas envolvidas nesta operação”.

O bilionário norte-americano Charles Hoskinson, cofundador das criptomoedas Ethereum e Cardano, afirmou que pessoas em um evento em Buenos Aires pediram dinheiro para facilitar um encontro dele com o presidente da Argentina, Javier Milei, em outubro do ano passado. (Estadão Conteúdo)

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