Terça-feira, 22 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 22 de julho de 2025
A cantora Preta Gil, de 50 anos, faleceu neste domingo, 20, nos Estados Unidos, após dois anos e meio em tratamento contra um câncer no intestino, também chamado de colorretal. Desde maio a artista estava hospedada em Nova York, onde iniciou um tratamento com medicação experimental.
De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que mais de 45 mil brasileiros sejam diagnosticados com esse tipo de tumor por ano. Ainda segundo a pasta, trata-se do terceiro câncer mais frequente entre os brasileiros.
Mas os números podem crescer mais nos próximos 15 anos. Segundo previsões da Fundação do Câncer, os casos devem aumentar 21% no País entre 2030 e 2040, chegando a 71 mil ocorrências por ano.
Além disso, as estatísticas têm englobado pessoas cada vez mais jovens. No caso de Preta, por exemplo, o tumor foi descoberto aos 48 anos. “Nas últimas três décadas, o surgimento da doença antes dos 50 anos subiu cerca de 45%”, estima o oncologista Virgílio Souza, vice-líder do Centro de Referência de Tumores Colorretais do hospital A.C. Camargo Cancer Center.
A ciência ainda busca respostas definitivas, mas já se sabe que alguns fatores ajudam a explicar o surgimento desse tumor e por que ele tem aparecido cada vez mais cedo.
O que é o câncer colorretal?
O câncer colorretal se desenvolve no intestino grosso, que inclui tanto o cólon quanto o reto. Um dos tipos mais frequentes da doença no Brasil e no mundo, ele costuma surgir de maneira silenciosa.
A forma mais frequente desse tumor é o adenocarcinoma, responsável por cerca de 90% dos casos. Ele geralmente começa a partir de uma lesão benigna chamada pólipo adenomatoso, que cresce na mucosa do intestino.
“Um pólipo nada mais é do que uma massinha que nasce na superfície interna do cólon, e pode se desenvolver para um câncer colorretal”, diz João Fogacci, médico oncologista do aparelho digestivo da Oncologia D’Or.
Esse processo de transformação não acontece da noite para o dia. Estima-se que leve de cinco a dez anos para um pólipo de baixo risco virar um tumor maligno, o que abre uma janela importante para prevenção e diagnóstico precoce. Mas vale destacar que nem sempre um pólipo vai se tornar um câncer.
Quais os sintomas do câncer colorretal?
De início, a doença é silenciosa. Com o tempo, pode começar a manifestar sinais e sintomas como alterações nos hábitos intestinais, como diarreia ou constipação; presença de sangue nas fezes; dores abdominais e alterações no formato das fezes, que ficam mais finas ou alongadas. Também é possível sentir dor na região anal ao tentar evacuar, cansaço excessivo e perda de peso sem motivo aparente.
Diagnóstico
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), o diagnóstico é feito a partir de uma suspeita clínica ou do rastreamento em pessoas com casos na família.
Além disso, exige exames complementares, como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia.
A colonoscopia é a técnica mais precisa. “Se o exame de sangue oculto for positivo, a pessoa deve realizar a colonoscopia”, explica Souza.
Outra vantagem do teste, segundo o médico, é que ele permite remover pólipos, prevenindo o desenvolvimento de um possível tumor.
O exame é feito com um aparelho fino e flexível, chamado colonoscópio, que tem uma câmera na ponta e permite que os médicos observem toda a extensão do cólon e do reto. Se algo de estranho for notado, poderá ser encaminhado para biópsia.
Classicamente, esse exame costumava ser recomendado para toda a população a partir dos 50 anos. No entanto, com o aumento de casos entre os mais jovens, autoridades de países como os Estados Unidos recomendam que o rastreamento seja iniciado aos 45, mesmo sem sintomas.
Causas e fatores de risco
Embora existam vários fatores que aumentem as chances do desenvolvimento do quadro, ainda não se sabe exatamente o que causa o câncer colorretal.
Na maioria dos casos, esse tipo de câncer começa com alterações genéticas nos pólipos. Além disso, entre os principais fatores de risco estão aspectos ambientais, dietéticos, comportamentais e genéticos, afirma Souza.
Segundo Fogacci, cerca de 10% dos casos de tumor entre pessoas com mais de 50 anos têm origem hereditária, um fator não modificável. No entanto, os genes podem justificar até 25% dos casos que aparecem antes dessa idade, o que os especialistas chamam de “início precoce”.
Já os fatores modificáveis envolvem o estilo de vida. Entre os mais importantes estão a obesidade; dietas ricas em carnes vermelhas, processadas ou expostas a calor intenso, como em churrascos; alimentação pobre em fibras e sedentarismo. As informações são do portal Estadão.
No Ar: Pampa Na Tarde