Domingo, 25 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 25 de maio de 2025
O recente assassinato de dois funcionários da Embaixada de Israel em Washington, capital dos Estados Unidos, fez líderes ao redor do mundo condenarem o chamado “antissemitismo”. Já o governo norte-americano classificou de ato “antissionista” o ataque, cometido no Museu Judaico da cidade. Afinal, o que são esses dois conceitos? Quais as diferentes entre um e outro?
Em entrevista ao podcast da jornalista Natuza Nery, o professor Michel Gherman, do Núcleo de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Centro de Estudos do Antissemitismo da Universidade Hebraica de Jerusalém (Israel), ele ajudou a esclarecer a questão.
Antissemitismo
Gherman explica que o conceito de “antissemitismo” surgiu no século 19. Por essa perspectiva, os judeus eram pessoas que viviam na Europa mas não pertencem ao continente. Portanto, grupos usaram o conceito de “raça” para denunciar a população judaica como “inimiga”.
O professor detalha que o antissemitismo moderno pode ser classificado a partir de três elementos principais. Primeiro: judeus não são vistos como elementos individuais, mas sim como pertencentes a um coletivo. São vistos, portanto, como membros de uma corporação. Na perspectiva antissemita, eles operam sob ordens de alguma organização.
Há também uma ideia de conspiracionismo: na perspectiva antissemita, os judeus têm uma força exacerbada, dominando a economia e a política nacionais, por exemplo. Ainda de acordo com esse pensamento, judeus fazem parte de uma conspiração internacional voltada ao controle do mundo.
Outra linha aponta para os judeus como degeneradores: sua existência teria por objetivo “degenerar” os lugares onde estão. Nessa perspectiva antissemita, os judeus são como “elementos daninhos” à sociedade.
Gherman chama a atenção para uma diferença fundamental para entender o antissemitismo moderno é que este sempre percebe os judeus como elementos fortes, detentores de poder, e não fracos.
Antissionismo
Para entender o que é o antissionismo, antes é preciso entender o que é o sionismo. Este nasceu no século 19, como um movimento nacional judaico. A intenção era resolver o que se chamava de “questão judaica” no mundo, principalmente na Europa. Uma das soluções seria a criação de um Estado judeu.
Gherman pontua que o sionismo, como todo movimento nacional, é múltiplo. Portanto, é possível ser sionista e, mesmo assim, defender a criação de um Estado palestino, ou de um Estado binacional árabe e judaico, ou mesmo de um Estado judaico com a expulsão de palestinos da região.
O antissionismo, portanto, é definido como a oposição de setores que percebem a criação do Estado judeu na Palestina como um problema. Estão presentes nessa linha as seguintes ideias:
– “A criação do Estado judeu na Palestina produz efeitos negativos à população da região”.
– “A criação do Estado judeu na Palestina irá excluir os cidadãos não judeus daquele território”.
– “Estados étnicos não podem existir em correspondência com a democracia, pois se um estado é étnico, não pode ser democrático”.
– “Preocupação com os direitos da população palestina”.
O professor explicou, ainda, que existem várias possibilidades de antissionismo: “Algumas delas são antissemitas, outras não. O antissionismo vira antissemitismo quando ele percebe o povo judeu não como membro da história, mas como membro de uma conspiração internacional que é mais forte do que a história”.
No Ar: Pampa Na Tarde