Sexta-feira, 04 de Julho de 2025

Home Economia Entenda por que a Bolsa brasileira está batendo recorde

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O mercado parece ter saído mais forte da prova de fogo do início do ano. Com o arrefecimento das tensões comerciais causadas pela cruzada tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsas pelo mundo — inclusive a brasileira — estão registrando disparadas que pareciam estar fora do radar na virada do calendário.

O Ibovespa renovou seu recorde histórico nominal mais uma vez nessa quinta-feira (3) e chegou até a ultrapassar o inédito patamar de 141 mil pontos no fechamento, até os ajustes finais do pregão levarem o índice ao patamar de 140.927 pontos. O movimento – uma disparada de 1,34% – colocou a Bolsa brasileira mais próxima do chamado “bull market”, ou “mercado de touro” em português.

O termo significa um momento de valorização de um determinado índice, como o Ibovespa, por um período significativo de tempo. A metáfora alude ao momento de ataque do touro, que golpeia a presa com os chifres em um movimento que parte de baixo e vai para cima. Nas definições técnicas, essa “chifrada” aparece quando um índice está 20% acima da mínima atingida no último ciclo de baixa.

“Considerando a mínima do dia 13 de janeiro, quando houve um ponto de inflexão nos mercados, a alta acumulada do Ibovespa chega a 18%. Não estamos tecnicamente em um ‘bull market’, mas estamos muito próximo dele”, diz Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos.

O motivo por trás da disparada é o mesmo que suscitou pânico nos mercados no mês de abril: a política dos Estados Unidos.

Está em curso uma “rotação” para fora dos mercados norte-americanos, sobretudo os que estão mais sujeitos a volatilidades causadas pelo vaivém do presidente. “A política tarifária fez com que os recursos, principalmente de fundos de pensão europeus, migrassem de lugar. Quando os gestores tiraram esse dinheiro, alocaram uma parte nos mercados emergentes, e o Brasil capturou um pouco dessa dispersão”, diz João Piccioni, CIO (chefe de investimentos) da Empiricus Gestão.

“Não foi um volume muito grande, mas foi o suficiente para provocar essa ebulição no mercado.” A rotação, ele acrescenta, já era antecipada por algumas gestoras de investimentos antes da virada do ano.

Segundo relatório do Santander, as novas entradas de investidores estrangeiros na Bolsa somaram mais de R$ 20 bilhões entre abril e maio. O braço de análise do banco estima que o movimento ganhe tração nos próximos meses, “dada a contínua diversificação das ações americanas para o resto do mundo”.

O relatório cita dados do Departamento do Tesouro dos EUA. De acordo com a autoridade americana, os estrangeiros detinham 17,8% dos títulos de ações do país em 2024 – o equivalente a US$ 16,8 trilhões (R$ 94 trilhões) do valor de mercado total do segmento.

“Cada ponto percentual de realocação equivale a US$ 950 bilhões em potenciais fluxos de diversificação no mercado internacional. O Brasil poderia ganhar aproximadamente US$ 26,5 bilhões (R$ 150 bilhões) em entradas de capital, considerando um cenário modesto de realocação.”

Ou seja, a menos que haja alguma reversão na tendência dos investidores globais, o mercado prevê que a Bolsa brasileira continuará em tempos de fartura.

Nos cálculos da Elos Ayta Consultoria, o primeiro semestre de 2025 registrou um fluxo líquido de R$ 26,9 bilhões pela entrada de estrangeiros na Bolsa, considerando também aportes em IPOs (ofertas públicas iniciais) e follow-ons (ofertas subsequentes de ações). É o melhor desempenho desde o segundo semestre de 2023.

Parte disso também se explica pelo que o mercado resumiu como “Bolsa barata”. Segundo Piccioni, boa parte das empresas listadas fez o “dever de casa” nos últimos anos e apresentou resultados sólidos nos balanços financeiros, e o valor das ações não necessariamente acompanhou essa melhora de performance.

“As ações ficaram muito defasadas, e as empresas do ciclo doméstico estão surpreendendo. Várias delas estão subindo mais de 40% no ano, e agora o investidor local parece estar mais confortável para voltar para a Bolsa de novo. Não à toa, o Ibovespa está rompendo as máximas históricas sem o suporte da Vale e da Petrobras, as duas maiores empresas do índice, que estão longe de seus próprios recordes”, diz Piccioni.

O momento também se ampara no possível fim do ciclo de altas da taxa Selic, hoje em 15% ao ano. O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) sinalizou que o aumento da reunião passada, no início de junho, foi o último, embora os juros deverão permanecer elevados por um longo período de tempo. (Com informações da Folha de S.Paulo)

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