Quarta-feira, 09 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de julho de 2025
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) alertou para a necessidade de termelétricas para atender a demanda crescente de energia nos próximos cinco anos, citando o horário de verão no Brasil como possibilidade de atenuar o problema.
Em 2019, a gestão de Jair Bolsonaro (PL) decidiu interromper o horário de verão após 88 anos de aplicação, entre idas e vindas. O horário de verão consistia em adiantar o relógio em uma hora a partir da zero hora do primeiro domingo de novembro até a zero hora do terceiro domingo de fevereiro, de acordo com o Decreto nº 6.558, de 2008. Para retomar o horário padrão, bastava atrasar o relógio em uma hora.
Na prática, amanhecia uma hora mais tarde e o anoitecer acontecia uma hora depois, ou seja, havia luz do sol até às 19h, reduzindo a necessidade do uso de iluminação elétrica.
O horário de verão era aplicado nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, segundo o Ministério de Minas e Energia.
Em 2019, o governo federal decidiu suspender o horário de verão. À época, a gestão argumentou que os hábitos de consumo de energia da população brasileira mudaram para o consumo diário de eletricidade na parte da tarde, enfraquecendo os resultados e desestimulando a adoção do adiantamento dos relógios.
“Considerando essas mudanças de hábitos de consumo e da configuração sistêmica do setor elétrico brasileiro, o CMSE [Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico] solicitou novos estudos sobre os impactos do Horário de Verão. As conclusões obtidas, nesses estudos, convergiram para a constatação de que o Horário de Verão não mais produzia os resultados esperados de redução de consumo de energia elétrica”, escreveu o Ministério de Minas e Energia à época.
Os pedidos de retomada do horário de verão logo aconteceram. Em 2021, por conta da falta de chuvas em hidrelétricas, entidades empresariais pediram o retorno da medida. No entanto, Bolsonaro resistiu ao retorno do horário de verão sob o argumento de que teria efeito limitado na diminuição do consumo de energia.
O retorno do horário de verão continuou em debate nos verões de 2022 e 2023, com a justificativa de que os bares e restaurantes tiveram aumento nas vendas com o anoitecer mais tarde.
Em 2024, sob a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a retomada ganhou novos argumentos. Com o crescimento do uso de energia solar e eólica, surgiram desafios nos horários de pico, entre às 18h e 19h, pois a produção dessas matrizes perde eficiência nessa faixa.
Com isso, é necessário acionar usinas termelétricas, levando a conta de energia de volta para a bandeira vermelha, a mais cara. É nesse cenário que a volta do horário de verão é colocada como alternativa para aliviar a pressão sobre o sistema elétrico.
Em setembro do ano passado, o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), defendeu a retomada do horário de verão como uma medida para auxiliar na contenção dos custos com energia elétrica.
Na mesma época, Luiz Eduardo Barata, que era diretor-geral ONS em 2019, avaliava que havia uma “má vontade com o horário de verão”, o que contribuiu para a suspensão.
Porém, em outubro de 2024, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que o governo federal não retomaria o horário de verão por conta dos bons níveis dos reservatórios das hidrelétricas no período.
Agora, o retorno do horário de verão volta ao debate. Segundo informações do PEN 2025 (Plano da Operação Energética), publicadas neste mês de julho, há uma estimativa de crescimento de 14,1% da carga de energia até 2029.
Para atender à demanda crescente, especialmente nos horários de pico, o ONS recomenda maior flexibilidade de fontes convencionais, como investimentos em hidrelétricas, e cita o horário de verão como possibilidade para atenuar a falta de oferta.
Neste caso, o horário de verão contribuiria para uma menor pressão no sistema de energia, mas o ONS diz que a possibilidade não foi levada em consideração nos cenários anteriores por não haver perspectiva de disponibilidade no momento.
“Com o crescimento das fontes intermitentes, novos desafios também surgiram para a operação. Dessa forma, precisamos cada vez mais de flexibilidade no sistema, com fontes de energia controláveis, que nos atendam de forma rápida para termos o equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia, especialmente nos horários em que temos as chamadas rampas de carga. Isso é fundamental para garantir a segurança e a estabilidade do sistema elétrico brasileiro”, afirmou Márcio Rea, diretor-geral do ONS, em nota publicada à imprensa.
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