Quarta-feira, 31 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 31 de dezembro de 2025
A Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) estima que a adoção de medidas de salvaguarda pela China sobre a importação de carne bovina pode provocar perda de até US$ 3 bilhões em receita para o Brasil em 2026.
Nesta quarta-feira (31), o governo chinês anunciou que vai impor cotas específicas por país para importação de carne bovina com aplicação de uma tarifa adicional de 55% para volumes que excederem a quantidade. As medidas entram em vigor nesta quinta-feira (1º) e se estenderão até 31 de dezembro de 2028 e afetarão o volume de exportação brasileira nos próximos anos.
“A Abrafrigo manifesta profunda preocupação com o anúncio da aplicação de salvaguardas à importação de carne bovina pela China, medida que representa um risco material e imediato ao desempenho das exportações brasileiras e ao equilíbrio da cadeia produtiva nacional”, afirmou a entidade, em nota.
O Brasil, principal fornecedor da proteína vermelha ao mercado chinês, terá uma cota de exportação de 1,106 milhão de toneladas sem tarifas adicionais em 2026. O volume alcança 1,128 milhão de toneladas em 2027 e 1,154 milhão de toneladas em 2028, aumento de 2% ano a ano. A título de comparação, neste ano, no acumulado até novembro, o País já exportou 1,499 milhão de toneladas de carne bovina ao mercado chinês, somando US$ 8,028 bilhões.
“Volumes excedentes sofrerão tarifa adicional de 55%, o que deve inviabilizar exportações fora do teto estabelecido. O impacto potencial desta medida pode significar uma perda de até US$ 3 bilhões em receita para o Brasil em 2026, comprometendo o desempenho das exportações do setor, que devem superar US$ 18 bilhões em 2025”, projetou a Abrafrigo.
A entidade destacou que o Brasil deve ultrapassar 1,6 milhão de toneladas enviadas ao mercado chinês neste ano, responsável por 55% das exportações de carne bovina in natura. A receita do setor com exportações à China deve alcançar aproximadamente US$ 9 bilhões neste ano.
“A participação do país asiático, que já havia mostrado crescimento significativo — passando de US$ 5,424 bilhões em receita até novembro de 2024 para US$ 8,029 bilhões em 2025 (+48%) e de 1.212.721 para 1.499.508 toneladas (+23,6%), consolida-o como nosso maior e mais estratégico comprador, representando 48,6% do faturamento total e 42,7% do volume total exportado no acumulado deste ano”, ressaltou a Abrafrigo.
Para a associação, além do efeito direto sobre a balança comercial brasileira, a medida pode ser um fator de desestímulo para a ampliação da produção nacional pelos pecuaristas. “Os efeitos podem se estender por toda a cadeia produtiva, com reflexos sobre geração de renda, emprego e investimentos no campo”, argumentou a entidade. (Com informações de O Estado de S.Paulo)