Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2025

Home Colunistas Entre a estrela e a sombra: o nascimento de Jesus e a atualidade

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O nascimento do menino Jesus, narrado nos Evangelhos, é um dos episódios mais emblemáticos da história humana. Maria, jovem escolhida para ser mãe do Salvador, e José, homem justo e fiel, aceitaram uma missão espiritual que transcende séculos: trazer ao mundo aquele que seria a luz entre as trevas.

A cena em Belém, simples e humilde, contrasta com a grandiosidade da mensagem que dali se irradiou. No entanto, desde o início, essa missão foi marcada pela perseguição. O rei Herodes, temendo perder poder diante da profecia anunciada, ordenou a morte dos inocentes, obrigando a Sagrada Família a fugir para o Egito. A fúria de um governante incapaz de aceitar a realização de uma promessa divina revela como o medo e a sede de poder podem gerar violência e destruição.

Se transportarmos essa narrativa para os dias atuais, a reflexão se torna inevitável. Como seria se Maria e José tivessem que dar à luz ao Filho de Deus em pleno século XXI? Certamente, não seria em um estábulo, mas talvez em um hospital superlotado ou em condições precárias, longe dos holofotes da mídia. A perseguição não viria de um rei absoluto, mas de forças mais sutis e difusas: a manipulação das informações, as fake news, os algoritmos que moldam opiniões, e os interesses de grupos sedentos por poder e riqueza.

Jesus, recém-nascido, teria que ser protegido não apenas da violência física, mas também da exposição midiática, da exploração de sua imagem e da tentativa de transformar sua mensagem em mercadoria.

Na época de Jesus, a comunicação era oral, transmitida de pessoa a pessoa, carregada de testemunho e experiência. Hoje, vivemos em um mundo hiperconectado, onde a informação circula em segundos, mas nem sempre com verdade ou responsabilidade. Se o anúncio dos anjos aos pastores fosse feito agora, talvez fosse abafado por manchetes tendenciosas ou distorcido por interesses políticos e econômicos.

A estrela que guiou os magos poderia ser ofuscada por luzes artificiais, por algoritmos que decidem o que vemos e o que ignoramos. A missão espiritual de Maria e José, de proteger e educar o menino, seria ainda mais desafiadora diante de um cenário em que a verdade disputa espaço com a manipulação.

A grande mensagem de Jesus — amar ao próximo, pensar no coletivo, viver em solidariedade — parece hoje mais fácil de compreender, pois temos acesso a textos, estudos e reflexões que a explicam em detalhes. Contudo, ainda enfrentamos barreiras profundas: o individualismo exacerbado, a indiferença diante da dor alheia, o consumismo que transforma pessoas em números e relações em transações. São barreiras invisíveis, mas poderosas, que impedem que a mensagem de Cristo floresça plenamente. Ele pregou que “onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, ali estarei”, mas em tempos de isolamento emocional e de polarizações sociais, reunir-se em torno do amor e da paz se torna um desafio.

O nascimento de Jesus não é apenas um evento religioso, é um símbolo universal. Sua palavra toca não apenas os que se declaram cristãos, mas todos os que buscam sentido, luz e esperança. Ele veio para todos, sem distinção de raça, credo ou condição social. Sua mensagem é de inclusão, de fraternidade, de olhar para o outro como parte de nós mesmos. Pensar no coletivo é talvez o ensinamento mais urgente para os dias de hoje, em que crises globais — ambientais, sociais, políticas — exigem respostas conjuntas e solidárias.

Naquela noite em Belém, anjos anunciaram sua chegada aos pastores, proclamando paz e boa vontade entre os homens. Reis magos, vindos de terras distantes, seguiram a estrela até encontrarem o menino, oferecendo presentes que simbolizavam sua realeza, sua divindade e seu sacrifício futuro. Esse encontro místico, entre o céu e a terra, entre o divino e o humano, permanece como um convite à reflexão: que cada nascimento, cada vida, seja celebrada como portadora de esperança.

Hoje, mais do que nunca, precisamos dessa esperança. Precisamos acreditar que é possível superar as barreiras do egoísmo, da manipulação e da violência. Que a mensagem de Jesus, universal e luminosa, continue a nos inspirar a construir pontes em vez de muros, a buscar harmonia em vez de conflito, a desejar paz entre as nações. Que a estrela que brilhou em Belém volte a iluminar nossos caminhos, lembrando-nos que, mesmo em tempos sombrios, a luz sempre encontra uma forma de vencer.

Que a mensagem do menino Jesus — de amor, solidariedade e paz — seja a estrela que guia nossa humanidade rumo a um futuro de harmonia e esperança.

* Renato Zimmermann, desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da transição energética

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