Quarta-feira, 15 de Outubro de 2025

Home em foco Estados Unidos travam venda de mísseis ao Brasil por causa de ataques à eleição

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Um pedido do Exército brasileiro para comprar mísseis antitanque Javelin dos Estados Unidos no valor de cerca de 100 milhões de dólares está parado em Washington há meses devido a preocupações de parlamentares norte-americanos sobre o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), incluindo os ataques dele ao sistema eleitoral brasileiro.

A proposta do Brasil para adquirir cerca de 220 mísseis Javelin foi feita inicialmente quando o ex-presidente Donald Trump, aliado de Bolsonaro, estava na Casa Branca. O Departamento de Estado aprovou a proposta no final do ano passado, apesar de objeções por parte de algumas autoridades norte-americanas de baixo escalão.

Mas o acordo sigiloso, que não havia sido divulgado anteriormente, está desde então emperrado em um limbo processual em meio à crescente preocupação entre os parlamentares democratas dos EUA a respeito dos questionamentos que Bolsonaro tem feito sobre a integridade das urnas eletrônicas e da segurança da eleição de outubro no Brasil, disseram as fontes.

O pedido do Brasil pelos mísseis de alta tecnologia fabricados nos EUA, que ganharam fama por seu uso efetivo pelas forças ucranianas contra blindados russos, acabou travado devido a um esforço liderado pelos democratas para enviar uma mensagem a Bolsonaro e às Forças Armadas brasileiras.

O impasse reforça o impacto que os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral têm causado, e também indica como o Brasil pode se tornar mais isolado internacionalmente se Bolsonaro seguir o exemplo de Trump e se recusar a aceitar uma eventual derrota na eleição de outubro. Atualmente, ele aparece atrás do ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto.

O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, ainda assombrado pela invasão do Capitólio por parte de apoiadores de Trump em 6 de janeiro de 2021, tem se mostrado cada vez mais aflito com os comentários autoritários de Bolsonaro, chegando a enviar delegações a Brasília para pedir cautela.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, trouxe ao Brasil uma mensagem de respeito à democracia em uma reunião de ministros de Defesa da região em julho. A declaração ocorreu após uma visita no ano passado do diretor da CIA, William Burns, na qual ele disse a importantes assessores de Bolsonaro que o presidente deveria parar de minar a confiança no processo eleitoral do País.

Bolsonaro tem ignorado os apelos. Em vez disso, continua questionando a credibilidade do sistema de votação eletrônica do Brasil e alegou fraude em eleições recentes, sem fornecer provas.

O papel pós-eleições das Forças Armadas, que comandaram uma ditadura militar por duas décadas após o golpe de 1964, é uma questão em aberto. Bolsonaro pediu que o Exército realize sua própria contagem paralela de votos, dizendo que as Forças Armadas estão do seu lado.

Os EUA também estão preocupados com o retrocesso ambiental sob Bolsonaro, bem como seu relacionamento amigável com o presidente russo, Vladimir Putin, cuja invasão da Ucrânia ele se recusou a condenar.

Fabricado pelos gigantes da área de defesa Lockheed Martin Corp e Raytheon Technologies Corp, o Javelin tornou-se uma das armas mais conhecidas do mundo devido ao seu sucesso contra tanques russos na guerra da Ucrânia.

O Brasil não enfrenta ameaças semelhantes, suscitando perguntas sobre por que o país precisaria de tal poder de fogo, disseram fontes. As Forças Armadas brasileiras se concentram principalmente em proteger suas fronteiras, que estão entre as maiores do mundo, e em realizar missões internacionais de paz.

“O Brasil não precisa deles”, disse um ex-assessor do Congresso norte-americano que tem familiaridade com a questão das armas.

Outra fonte disse que o apoio do Departamento de Estado à venda dos mísseis mostrou que os EUA queriam satisfazer o Brasil para ajudar a melhorar as relações com um dos mais importantes aliados militares de Washington na região.

O pedido de compra dos mísseis aconteceu em 2020 em um momento de aquecimento dos laços entre os Estados Unidos e o Brasil sob Trump e Bolsonaro. Em 2019, Trump designou o Brasil como um aliado de primeiro nível dos EUA fora da Otan, permitindo maior acesso ao armamento fabricado por empresas norte-americanas.

O acordo atravessou a burocracia da era Trump e foi herdado por Biden, um democrata menos amigável com Bolsonaro do que seu antecessor republicano.

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