Quarta-feira, 16 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 15 de julho de 2025
O Parkinson sempre foi tratado como um distúrbio neurológico que começa no cérebro, com a morte progressiva de neurônios produtores de dopamina. Mas um novo estudo, publicado na revista Nature Neuroscience, propõe uma mudança importante nessa visão, ao sugerir que os primeiros sinais da doença podem surgir nos rins.
A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Wuhan, na China, e analisou o comportamento da proteína alfa-sinucleína (α-Syn), associada ao acúmulo anormal de proteínas que prejudicam o funcionamento do cérebro em pessoas com Parkinson e outras doenças neurodegenerativas.
O que é o Parkinson?
O Parkinson é uma condição crônica e progressiva causada pela neurodegeneração das células do cérebro; Estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas no mundo tenham Parkinson; A ocorrência é mais comum entre idosos com mais de 65 anos, mas também pode se manifestar em outras idades; A doença atinge principalmente as funções motoras, causando sintomas como: lentidão dos movimentos, rigidez muscular e tremores; Os pacientes também podem ter: diminuição do olfato, alterações do sono, mudanças de humor, incontinência ou urgência urinária, dor no corpo e fadiga; Cerca de 30% das pessoas que vivem com Parkinson desenvolvem demência por associação.
Proteína ligada ao Parkinson aparece primeiro nos rins
O principal achado do estudo é que a alfa-sinucleína patológica pode se formar nos rins e, a partir daí, espalhar-se para o cérebro. Em experimentos com camundongos, os pesquisadores observaram que animais com rins saudáveis conseguiam eliminar os aglomerados da proteína.
Já nos que tinham insuficiência renal, esses aglomerados se acumularam e acabaram migrando para o cérebro. Quando os nervos entre rins e cérebro foram cortados, esse processo foi interrompido.
Análises de tecido humano reforçaram a hipótese. Os cientistas encontraram acúmulo anormal de alfa-sinucleína nos rins de 10 entre 11 pessoas com Parkinson ou demência por corpos de Lewy, uma condição também relacionada a essa proteína.
Em outro grupo, 17 de 20 pacientes com doença renal crônica, mas sem sinais de distúrbios neurológicos, também apresentaram alterações semelhantes.
Os achados indicam, segundo os pesquisadores, que o acúmulo da proteína nos rins pode anteceder os sintomas cerebrais, funcionando como um gatilho inicial da doença.
Novas possibilidades para tratamento e diagnóstico
Outro ponto importante do estudo foi o teste da presença de alfa-sinucleína no sangue. A equipe observou que reduzir os níveis da proteína na circulação também diminuiu os danos ao cérebro, sugerindo que ela pode se espalhar pelo organismo antes de atingir o sistema nervoso central.
Se os resultados forem confirmados por novas pesquisas, pode abrir caminho para formas de diagnóstico mais precoce e tratamentos que impeçam a progressão da doença antes que os sintomas neurológicos apareçam.
Apesar dos resultados promissores, os autores reconhecem que ainda há limitações. O número de amostras humanas foi pequeno e, embora os testes em camundongos sejam úteis, nem sempre refletem exatamente o que ocorre no corpo humano. Ainda assim, o estudo levanta uma nova linha de investigação que pode transformar a forma como o Parkinson é compreendido.
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