Terça-feira, 21 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 21 de outubro de 2025
A ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) Tonia Andrea Inocentini Galleti depôs na segunda-feira (20) na comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e declarou que, desde 2019, vinha informando autoridades sobre descontos indevidos sobre aposentados e pensionistas destinados a associações, confederações e sindicatos.
Segundo a depoente, que é advogada, em junho de 2023, durante uma reunião do conselho, o então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, estava presente quando as irregularidades foram apontadas. No governo anterior, ela tratou do tema com o ex-presidente do INSS José Carlos Oliveira.
A advogada é assessora jurídica do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), entidade fundada por seu pai e que também está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) em relação a descontos indevidos em benefícios do INSS.
“A dra Tonia é assessora jurídica do Sindnapi desde 2003 e coordenadora do Departamento Jurídico desde 2018. Portanto, ela foi integrante do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) como representante do Sindnapi e nesse período fez as denúncias da existência de entidades fantasmas em nome do sindicato”, informou o Sindnapi.
Durante a sessão da CPMI, o relator apresentou dados indicando que Tonia e parentes receberam mais de R$ 20 milhões do sindicato ou da empresa Eficiente, gestora dos benefícios. No mesmo período, o número de associados do sindicato teria aumentado de 145 mil para mais de 400 mil.
Alfredo Gaspar (União-AL), relator da comissão, lembrou que, de acordo com a Controladoria Geral da União (CGU), 92% dos filiados ao Sindnapi não reconheceram as filiações ao sindicato.
Tonia admitiu que mais de 250 mil associados contestaram vínculos com o sindicato, principalmente após as denúncias sobre descontos indevidos no INSS explodirem em abril deste ano, mas alegou que 45 mil continuaram usando os benefícios de medicamentos, com 320 mil utilizações registradas.
Ela alegou ainda que, em 2017, foi firmado acordo com a corretora CMG, ligada ao Banco BMG, para ampliar a oferta de serviços aos associados do SIndnapi. Isso teria ocorrido após a entidade constatar estagnação no número de filiados. Ela, porém, negou qualquer fraude.
A questão, segundo a CPMI, é que uma das investigações diz respeito à venda casada de empréstimos por parte do banco.
Há também denúncias de que segurados do INSS teriam sido filiados ao sindicato, sem autorização, após procurarem correspondentes bancários da instituição financeira para a contratação de crédito consignado. CPMI do INSS ouve hoje ex-dirigente de associação suspeita de desviar R$ 1,1 bilhão em descontos indevidos.