Quinta-feira, 17 de Julho de 2025

Home Política Ex-ministro da Justiça Anderson Torres usou localizador de passagem fake para justificar ausência de Brasília no 8 de Janeiro

Compartilhe esta notícia:

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou Anderson Gustavo Torres de apresentar um bilhete de passagem falso para justificar sua ausência no dia 8 de janeiro de 2023, data em que os Três Poderes foram invadidos em Brasília.

Segundo a PGR, o documento usado pelo então Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal não corresponde aos registros da companhia aérea Gol. A falsificação, portanto, revela uma tentativa deliberada de Torres de se ausentar e se eximir de responsabilidade pelos atos antidemocráticos.

De acordo com as alegações finais apresentadas pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira (14), o localizador “MYIDST”, indicado por Torres, não condiz com seus dados, e não há voos registrados no trecho Brasília/Orlando, voo G3-9460, em seu nome.

Os advogados de Anderson Torres sustentam que a viagem aos Estados Unidos foi programada desde julho de 2022 e que a passagem foi comprada em novembro do mesmo ano. Ele tomou posse no cargo em 2 de janeiro de 2023, trabalhou até o dia 6 e alegou que estaria de férias a partir do dia 9.

Conforme a defesa, o secretário interino, Fernando Oliveira, já estava ciente da substituição e assumiu a função ainda no dia 6. Um Plano de Ações Integradas (PAI) teria sido elaborado previamente, e, conforme Torres, se tivesse sido seguido à risca, os atos do 8 de janeiro não teriam ocorrido.

Apesar da justificativa da defesa, a PGR destaca que alertas sobre a possibilidade de manifestações violentas já estavam sendo distribuídos. Em 6 de janeiro de 2023, data da viagem de Torres, a Secretaria de Segurança Pública do DF recebeu um relatório da Força Nacional alertando sobre os riscos. Outros avisos mencionavam termos como “Tomada de Poder” e indicavam o aumento no número de ônibus com manifestantes.

Ainda assim, o efetivo policial empregado no dia foi considerado insuficiente. A atuação das forças de segurança demorou quase duas horas para ser reforçada. Parte dos comandantes de batalhões da PMDF também estava de férias no dia dos atos.

A Procuradoria conclui que Anderson Torres tinha histórico de omissões que beneficiaram o avanço dos atos golpistas. A tese da defesa, de que ele estava no “lugar errado, na hora errada”, foi descartada pelo Ministério Público, que vê no comportamento do ex-secretário uma atuação conivente com os organizadores das invasões.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afirmou que só soube da viagem de Torres no dia 7 de janeiro, quando o ex-secretário já estava nos EUA. Ele disse ter sido “pego de surpresa” e mencionou uma quebra de confiança, motivo que levou à exoneração de Torres.

A análise do celular de Ibaneis revelou que apenas um dia antes dos ataques, Torres compartilhou o contato do substituto com o governador. A PGR considera esse comportamento como um ato de negligência com seus deveres.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Campanha do Agasalho 2025 mobiliza população de Capão da Canoa em prol da solidariedade
Bolsonaro pode ficar preso em casa se for condenado? Entenda
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Pampa News