Sábado, 14 de Junho de 2025

Home Tecnologia Falou perto do celular e apareceu anúncio? Especialistas explicam por que seu celular parece te ouvir

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Se você já teve a sensação de que seu celular está ouvindo suas conversas, saiba que não está sozinho. É comum comentar algo com um amigo – sobre uma viagem, um produto ou serviço – e, pouco tempo depois, ser impactado por um anúncio exatamente sobre aquilo. Coincidência? Provavelmente não.

Embora não existam provas de que os microfones dos smartphones estejam gravando tudo o que falamos, especialistas afirmam que os celulares monitoram nossos hábitos de maneira silenciosa e estratégica – e isso vai muito além de escutar conversas. Eles rastreiam localização, proximidade com outros dispositivos, interações em apps e padrões de comportamento para prever seus interesses e exibir anúncios direcionados. Entenda como isso funciona e por que acontece.

Coincidência ou não?

Para além dos incontáveis relatos sobre celulares que supostamente “escutam” o que os donos falam, já há estudos que analisam essa experiência. Uma pesquisa da empresa Sherlock Communications, por exemplo, mostrou que 69% dos brasileiros têm a sensação de que o celular “ouve” conversas sem permissão.

Entretanto, especialistas afirmam que, objetivamente, os dispositivos móveis não ficam “prestando atenção” no áudio ambiente para coletar dados e exibir anúncios relacionados. E essa afirmação também encontra embasamento em pesquisas:

Um estudo da Northeastern University realizado com mais de 17 mil aplicativos demonstrou que os apps monitoram os usuários até com capturas de tela não autorizadas, mas não encontrou nenhuma evidência de gravação de áudio ambiente durante os períodos de inatividade do celular.

Um experimento realizado pela empresa de segurança cibernética Wandera colocou smartphones em ambientes com e sem sons específicos e, em seguida, analisou o consumo de dados e os anúncios exibidos, sem encontrar diferenças significativas que indicassem escuta do ambiente para fins publicitários.

Por que, então, continuamos a ter a impressão de que somos ouvidos? O acaso pode ter seu papel nesse processo. Se um anúncio é exibido, por mera coincidência, logo após falarmos sobre o produto em questão, somos levados a acreditar em uma relação direta de causa e efeito entre esses dois momentos, mesmo que tal relação não exista de fato. Isso é parte da tendência humana de buscar padrões nas experiências do dia a dia – efeito muito bem documentado pela psicologia cognitiva.

No entanto, há outros fatores envolvidos. A veiculação dos anúncios é regida por algoritmos cada vez mais complexos e inteligentes graças aos investimentos maciços das “big techs”, que obtêm boa parte de sua receita por meio da venda de espaços publicitários e precisam entregar anúncios com eficiência.

Os algoritmos, por sua vez, são abastecidos por uma quantidade imensa de dados demográficos e comportamentais. Quando combinados, esses fatores dão às empresas de tecnologia o poder de estimar com muita precisão o que pode estar se passando na mente de cada indivíduo em um dado momento. Em alguns casos, o algoritmo acerta em cheio – e é aí que aparecem os anúncios exatamente sobre o que estamos pensando ou falando.

Microfone aberto

Mas se os dispositivos móveis não nos “ouvem” literalmente, como os aparelhos com comando por voz nos atendem quando chamamos? A resposta é que esses dispositivos ficam com o microfone aberto o tempo inteiro, mas sem conexão com a Internet durante o período em standby.

Ou seja: os aparelhos ficam com o microfone ligado para captar comandos de voz específicos, como “Siri”, “Alexa” ou “Ok, Google”. No entanto, eles não gravam nem transmitem enquanto estão em standby. Apenas depois de ativados por esses termos, os assistentes pessoais se conectam à Internet e a outros sistemas para fazer as consultas e transmitir os comandos solicitados por voz.

Para o especialista em Marketing Digital Fernando Kanarski, processar áudio ambiente para coletar mais dados dos usuários seria tecnicamente e economicamente inviável nos dias de hoje.

Capturar o áudio da humanidade, processar tudo em tempo real e interligar isso a anúncios seria muito caro e ineficiente. Isso também não melhoraria tanto os resultados nas atuais segmentações, que já usam muitos dados pessoais fornecidos pelos próprios usuários” afirma Fernando.

Coleta de dados

Existem alguns caminhos para que as empresas de tecnologia obtenham nossos dados. Em primeiro lugar, ao navegar na web, usar apps e consumir conteúdo, deixamos “migalhas” de informações sobre interesses que são coletadas pelas big techs.

Também informamos voluntariamente diversos dados quando nos cadastramos em sites e aplicativos, por exemplo. Assim, as empresas sabem informações como nossa idade, sexo, profissão e local de residência. Somam-se a isso os dados capturados de nosso computador ou celular, como marca, sistema operacional e geolocalização.

“Tudo isso é processado pelos algoritmos de grandes anunciantes, que também são fornecedores de serviços, como Google e Meta. São essas informações que os especialistas em marketing podem segmentar dentro das plataformas de anúncios para tentar atingir os melhores consumidores”, explica Fernando Kanarski.

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