Sexta-feira, 10 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de outubro de 2025
Longe da TV desde 2014, Fabiana Scaranzi vem se dedicando a ministrar cursos e palestras para mulheres sobre temas como trabalho, carreira, saúde e bem-estar. Além disso, recentemente, ela se formou em sua terceira faculdade, psicologia:
“Eu já era formada em publicidade e propaganda e em jornalismo. Sempre tive um grande interesse no comportamento humano. Mesmo quando eu estava apresentadora e repórter, as matérias que eu fazia eram de comportamento. Quando comecei a dar mentoria para mulheres mais maduras, vi que muitas tinham problemas emocionais. E eu pensava em como eu poderia fazer para ajudá-las ainda mais. Por isso, fui me embasar. Nesse mundo de rede social existem muitos achismos. A pessoa faz um curso de final de semana e já sai falando sobre tudo. Você está mexendo com a vida das pessoas, então, para mim, ter esse embasamento faz muita diferença. Eu sempre me senti muito segura por estar embasada.”
Fabiana iniciou o curso aos 54 anos e se formou aos 59. Ela conta como fez para conciliar os compromissos profissionais e pessoais com as aulas.
“É um curso de cinco anos, presencial, e, em determinado momento, eu tive que começar a dar atendimento no consultório da faculdade. Eu achei ótimo, mas foi um malabarismo na minha vida, não foi fácil. Eu fazia faculdade de manhã e só começava a trabalhar ao meio-dia. Houve uma adaptação no começo. Eu ouvi de tudo. As pessoas me diziam que eu não precisava fazer outra faculdade e me perguntavam se eu não achava que estava um pouco velha para ir para a faculdade com pessoas mais jovens. Ao mesmo tempo, houve uma repercussão tão positiva em relação a isso, de pessoas que tinham guardado o sonho delas na gaveta me mandaram mensagens. Me fez tão bem. É impressionante a quantidade de pessoas que se sentiram validadas. A faculdade de psicologia também acaba sendo uma grande autoanálise, não tem como você não olhar para a sua vida. Foi muito bacana para tudo, para a minha evolução e crescimento como ser humano”, afirma.
Questionada se gostaria de voltar à TV, ela conta que recebeu duas propostas para apresentar telejornais em emissoras em que ainda não havia trabalhado.
“Eu tive muita procura depois do meu último contrato, mas era sempre para fazer algo que eu já tinha feito durante muitos anos da minha vida. Eu não queria mais voltar para telejornal. A televisão não está na minha cabeça hoje em dia. Eu sempre pensei em voltar em um quadro dentro de um programa, ou como especialista, psicóloga. Penso muito nesse sentido. A televisão alcança muitas pessoas, eu respeito muito, sou cria da TV, acho um veículo importantíssimo, mas eu pensaria mais em voltar dessa outra maneira, agregando um pouco mais de conhecimento.”
Ela reconhece ter o privilégio de escolher o que deseja fazer, mas conta que nem sempre foi assim.
“Sempre pensei que me tornaria bailarina clássica, nunca tinha nem pensado em fazer faculdade. Mas eu corria de kart aos finais de semana e sofri um acidente gravíssimo aos 17 anos. Quebrei o fêmur em dois lugares, não podia mais usar sapatilha de ponta. Então, foquei nos estudos. Para ajudar a pagar a faculdade, comecei a trabalhar como modelo. Fiz mais de 100 capas de revistas no mundo inteiro. Eu voltava para o Brasil, fazia um período da faculdade, trancava e ia para o exterior fazer mais dinheiro para pagar a mensalidade. Eu sempre falei que deixaria de ser modelo quando terminasse de pagar a faculdade e foi exatamente o que eu fiz. Eu gosto de ler, de estudar, faz bem para a minha alma. Estou vivendo a vida que eu quero. Estou tendo o privilégio de poder escolher as coisas que eu faço, o trabalho que eu quero e que faz bem para a minha alma. Por isso que eu falo para as mulheres procurarem a independência financeira, porque além do dinheiro, ela vai trazer muita coisa boa, vai te trazer liberdade, independência emocional. Não me arrependo de ter começado a trabalhar tão cedo, porque me deu a liberdade de hoje trabalhar porque eu quero. Eu não sou herdeira, claro que eu preciso trabalhar, mas, mesmo que eu fosse, eu continuaria trabalhando.”
Casada com Álvaro Etchenique, Fabiana conta que ele já se acostumou com sua vida corrida: “O Álvaro já me conheceu assim, sempre foi a vida que eu tive. Eu não vou parar de trabalhar. Eu não preciso ficar parada olhando para o mar para viver a vida. Eu trabalho, faço as minhas pausas, tiro as minhas férias”.
Recentemente, Fabiana postou uma foto com o filho, Felipe, fruto do casamento anterior, com Guilherme Villares London, e recebeu muitos comentários sobre a sua jovialidade. Ela conta que nunca se sentiu pressionada para estar sempre jovem, mas afirma lutar contra o etarismo.
“Todo mundo que envelhece no vídeo passa por uma pressão maior, mas as pessoas sempre foram muito carinhosas comigo em relação a isso. A minha geração está envelhecendo de um jeito diferente. Somos economicamente ativas. Eu tenho uma empresa, funcionários, ou seja, eu sou uma pessoa que ajuda a economia a girar de alguma maneira. Antes as mulheres eram criadas para casar, ter filho. Entravam na menopausa, a vida ia desacelerando, elas passavam a cuidar dos netinhos e pronto. Houve um pulo enorme. Eu tenho mais projetos hoje do que quando eu tinha 18 anos. A minha geração carregou esse tabu do envelhecimento, e eu gosto de falar a palavra envelhecer mesmo, para que as outras gerações possam envelhecer com menos tabu, com menos pressão do que nós tivemos. Envelhecer é natural da vida de todas as pessoas. Então, que seja sem medo, sem receios, enfrentando o que vem com positividade”, finalizou.