Segunda-feira, 16 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de dezembro de 2022
Após 16 anos do lançamento do projeto FX-2, o caça sueco F-39 Gripen E/F entrou em operação nesta segunda-feira (19) na Força Aérea Brasileira (FAB). Trata-se da mais moderna aeronave em operação na América Latina, que vai equipar o 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), em Anápolis (GO).
“O recebimento das primeiras aeronaves Gripen simboliza um marco para a Força Aérea Brasileira. É a concretização de um projeto de longo prazo, que se traduz agora em capacidades operacionais que o País nunca teve”, disse o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, comandante da FAB.
A renovação da aviação de caça é um dos principais projetos estratégicos do Ministério da Defesa. Inicialmente, ele previa a compra e a entrega até 2027 de 36 Gripen por US$ 3,7 bilhões ou R$ 20 bilhões em valores atuais.
Mas outras quatro aeronaves foram acrescidas neste ano ao contrato em vigor, totalizando 40 caças, que serão produzidos pela Saab em parceria com a Embraer. A FAB estuda ainda adquirir mais 26 Gripen por meio de outro contrato.
“Considero que, diante das dimensões continentais que o país possui, a aquisição de um segundo lote é uma necessidade que deve ser imediatamente analisada”, afirmou o comandante da FAB. Para ele, apesar das dificuldades fiscais do Brasil, é preciso que seja assegurado o fluxo de recursos para que o projeto mantenha “uma cadência de entregas adequada”.
As quatro primeiras unidades fabricadas na Suécia e trazidas para o Brasil em navios serão incorporadas amanhã ao 1º GDA. As 15 últimas do primeiro lote de 36 caças serão construídas no País.
“As parcerias formadas entre Brasil e Suécia garantem uma ampla transferência de tecnologia, que tem resultado em benefícios significativos em toda a cadeia produtiva envolvida”, disse Baptista Junior.
O acordo para a compra do Gripen prevê ainda o treinamento de dois anos para 350 profissionais que vão cuidar da preparação das aeronaves na planta da Saab em São Bernardo do Campo e da montagem final na planta da Embraer, em Gavião Peixoto (SP).
Foi ali que pilotos de prova da FAB, da Embraer e da Saab executaram ensaios em voo, parte do programa de transferência tecnológica, para que os caças recebessem a licença inicial de operação. Só então os quatro aparelhos puderam ser transferidos para o 1.º GDA, na Base Aérea de Anápolis (BAAN).
Reforma
A base passou por três obras para abrigar as novas aeronaves. A primeira foi no hangar de manutenção, a segunda, nos chamados hangaretes da linha de voo – as garagens de aeronaves – e a última, nas instalações do 1º GDA, cujo prédio foi dividido em duas grandes alas, uma administrativa e outra operacional, para abrigar os sistemas de missão e de suporte do Gripen, com a montagem de simuladores de voo e estações de planejamento e produção.
Por enquanto, os F-39 ficarão em Anápolis, mas o comando da FAB estuda distribuí-los em outras bases, de acordo com a necessidade operacional, a disponibilidade de infraestrutura e a posição geográfica.
O Gripen vai substituir paulatinamente os F-5M, caça de fabricação americana que entrou em serviço no Brasil em 1975 e cuja modernização, executada pela Embraer, terminou em 2020.
Escolha
Foi em uma concorrência com os caças F-18 Hornet americano e Rafale francês que o Gripen foi escolhido pela FAB para equipá-la nas próximas décadas.
“O conjunto formado pelo novo vetor e os modernos armamentos adquiridos coloca a defesa aeroespacial brasileira em um elevado patamar, com um poder dissuasório inédito”, disse Baptista Junior.
Segundo a FAB, o avião pode receber mísseis ar-ar de curto e de longo alcance, mísseis ar-superfície e bombas guiadas por laser ou GPS para emprego contra alvos na terra e no mar.
A carga em armamentos externos pode ser de até sete toneladas – a aeronave pode decolar com peso máximo de 16,5 toneladas para missões de defesa aérea, ataque e reconhecimento sem precisar voltar para a base e mudar a sua configuração.
Embaixo das asas, o Gripen pode carregar até sete mísseis BVR Meteor e dois mísseis infravermelhos Iris-T. Ambos foram comprados recentemente pela FAB, após o abandono do projeto em parceria com a África do Sul para o fornecimento de mísseis. No futuro, o Gripen poderá disparar mísseis cruzeiro.
Segundo a FAB, o Gripen voará com sua capacidade completa em 2025. Só então todos os sistemas da nova aeronave estarão integrados, testados e prontos para serem empregados em combate.
São sistemas que contaram com a participação de empresas brasileiras no desenvolvimento da produção de peças estruturais e de aviônicos – a eletrônica de bordo dos aviões –, além de suporte logístico para a manutenção no País.
Um deles foi o desenvolvimento do Wide Area Display(WAD) pela empresa AEL, uma solução tecnológica que foi adotada pela Força Aérea Sueca, transformando o fabricante brasileiro em fornecedor para os F39 Gripen E/F produzidos para os dois países – a Suécia adquiriu 60 desses caças.
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