Terça-feira, 21 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 21 de outubro de 2025
A Bacia da Foz do Amazonas pode ajudar o Brasil a ficar entre os quatro maiores produtores globais de petróleo na próxima década. De acordo com analistas, se o potencial da região for confirmado, o país pode ultrapassar a marca de 5 milhões de barris diários de produção a partir de 2030, ultrapassando Canadá e China e ficando atrás apenas de Estados Unidos, Arábia Saudita e Rússia.
O Ibama autorizou nesta segunda-feira a Petrobras a perfurar o primeiro poço exploratório de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial.
Segundo Rivaldo Moreira Neto, diretor da A&M Infra, a licença dada pelo Ibama indica ainda uma tendência de desenvolvimento de novas áreas na Bacia da Foz do Amazonas. Segundo dados da Trading Economics, o Brasil está hoje na sexta posição no ranking dos maiores produtores de petróleo do mundo, com 3,9 milhões de barris por dia.
— Veja o ranking atual:
* Estados Unidos: 13,6 milhões de barris diários
* Arábia Saudita: 9,9 milhões de barris por dia
* Rússia: 9,7 milhões
* Canadá : 4,8 milhões
* China: 4,4 milhões
* Brasil: 3,9 milhões
* Iraque: 3,8 milhões
Para ele, com base em países vizinhos, como Guiana e Suriname, que já produzem entre um e dois milhões de barris por dia, o Brasil pode alcançar um novo patamar de produção já na próxima década.
“Se a Bacia da Foz do Amazonas apresentar o potencial que é previsto, vai ajudar o Brasil a manter o seu nível de produção, que começa a declinar já no início dessa década, com a queda na produção do pré-sal. Isso vai permitir que o país consiga preservar sua relevância e até alcançar o grupo dos maiores produtores globais de petróleo na próxima década se aproximando de Canadá e ultrapassando a China.”
Para Jean Paul Prates, ex-presidente da Petrobras e presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE), a perspectiva positiva na Bacia da Foz do Amazonas tem potencial para colocar o Brasil entre os cinco maiores produtores globais de petróleo.
“Para o País, é uma fronteira importante. O Brasil tem condição de ficar entre os cinco maiores produtores de petróleo do mundo, com uma reserva nova e relevante. Mas, é claro, isso também vai depender do comportamento e da produção dos outros países.”
Variedade de investimentos
Segundo ele, a licença concedida pelo Ibama pode servir ainda como um importante estímulo para novos investimentos na região. Para Prates, o fato de diversas companhias terem arrematado blocos no último certame da Agência Nacional do Petróleo (como Chevron, CNPC e ExxonMobill) demonstra que há um claro interesse pelas oportunidades oferecidas nessa área.
“As empresas cercaram a área por precaução. Mesmo que não encontrem nada, já garantiram a titularidade dos blocos. Existe uma geologia positiva do ponto de vista petrolífero, o que confirma as teses da Petrobras. Mas isso, por si só, ainda não garante nada. A partir do momento em que as empresas começarem a operar na região, realizando estudos sísmicos, perfurando poços de avaliação e desenvolvendo projetos para exploração dos campos, esse movimento certamente vai estimular uma ampla variedade de novos investimentos.”
Prates ressalta ainda que o início da perfuração na Bacia da Foz do Amazonas vai provocar uma discussão relevante durante a COP.
“O Brasil precisará assumir uma posição clara e mostrar que é possível produzir petróleo e, ao mesmo tempo, ser líder na transição energética. Isso não é um problema e nem faz o país perder autoridade. Como pioneiro em biocombustíveis, com uma matriz energética limpa e em processo de redução do desmatamento, o Brasil tem plena capacidade de liderar o movimento ambiental, mesmo produzindo petróleo na Bacia da Foz do Amazonas.”
Segundo especialistas, a aprovação dada pelo Ibama para que a Petrobras perfure seu primeiro poço exploratório traz um efeito importante para o setor, pois pode aumentar a expectativa das empresas privadas que já arremataram áreas na região no último leilão promovido pela Agência Nacional do Petróleo.
A licença concedida pelo órgão ambiental abre ainda caminho para que o País aprofunde os estudos sobre essa nova fronteira, o que pode elevar a produção nacional na próxima década.
“O movimento cria um cenário mais favorável para o setor, com empresas privadas podendo obter sucesso em suas próximas campanhas exploratórias e impulsionar o interesse em futuros leilões”, diz ele.
Em junho deste ano, a ANP realizou um leilão em que foram arrematados 19 blocos na Margem Equatorial, todos localizados na Bacia da Foz do Amazonas. A Petrobras liderou o processo, conquistando 10 blocos, todos em parceria com a americana ExxonMobil. Além disso, a americana Chevron levou nove blocos em parceria com a chinesa CNPC. Os contratos ainda não foram assinados, segundo a ANP. (Com informações do jornal O Globo)