Domingo, 11 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 10 de maio de 2025
O novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz, equilibra-se entre o entusiasmo de ter chegado no topo de sua trajetória política de três décadas e estar no olho do furação da maior crise do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: as denúncias de descontos indevidos em benefícios pagos pelo INSS.
Com a tarefa de encontrar uma solução que recomponha o dinheiro desviado de aposentados e pensionistas e esfrie a temperatura do escândalo, ele precisará se desvencilhar da gestão de Carlos Lupi, de quem foi secretário-executivo, enquanto busca mostrar que tem estatura para o cargo.
“Não tenho como negar que é o melhor momento da minha vida na política chegar a ser ministro, e num governo do presidente Lula, mas o momento é delicadíssimo. Tenho que mostrar para a sociedade que tudo vai ser apurado”, resumiu Wolney.
Casa Civil
As primeiras ações de Wolney Queiroz na gestão do ministério têm sido diretamente discutidas com a Casa Civil. Em uma delas, revogou uma portaria editada por Lupi que tirava poderes do presidente do INSS.
“Meu primeiro ato foi fazer uma delegação de competências e devolver para o presidente do INSS as atribuições que estavam concentradas no gabinete do ministro. Meu estilo de gestão é mais compartilhado”, afirmou Wolney, ressaltando que o antecessor centralizava decisões “de maneira muito bem intencionada”, fazendo “questão de ser ordenador de despesas pra poder supervisá-las”.
No dia a dia, o novo ministro compartilha a rotina de trabalho nas redes sociais. Em uma das primeiras publicações como ministro, fez questão de dizer que sua atuação anterior era “mergulhada na parte burocrática do ministério”.
Há menos de dez dias no cargo, Wolney reconhece que seu nível de autonomia é menor do que o do antecessor, mas considera isso natural. Ele assumiu já tendo como presidente do INSS o procurador federal Gilberto Waller Júnior, escolhido diretamente por Lula dois dias antes da demissão de Lupi como uma resposta à crise no Instituto.
“Eu perguntei ao presidente (Lula) qual era a minha posição (de autonomia) e ele disse que o comando é meu. Por iniciativa própria, eu deleguei de volta as competências que historicamente o presidente do INSS já tinha e vou supervisionar e cobrar os resultados”, disse Wolney.
Integrantes do governo afirmam que ele chegou a ser o favorito de Lula para assumir o ministério logo após a eleição, mas com essa vaga estava destinada ao PDT, Lupi — presidente do partido desde a morte de Leonel Brizola, em 2004 — acabou indo para o cargo.
Autonomia limitada
A aliados no governo e amigos, Wolney tem dito que tinha autonomia limitada como secretário-executivo e que Lupi conduzia diretamente as nomeações-chave. No PT, a impressão era de que Wolney era escanteado das principais decisões por Lupi, apesar de ser um correligionário de longa data do ministro, afirma um petista que acompanhou a situação.
O novo ministro afirmou desconhecer quem indicou o ex-procurador-geral do INSS Virgilio Oliveira Filho e o ex-diretor de Benefícios André Fidelis, ambos investigados pela Polícia Federal no suposto esquema dos descontos em aposentadorias e pensões, o que ambos negam.
Como secretário-executivo, Queiroz diz só ter levado para o ministério três pessoas: seu motorista, sua secretária e Osório Chalegre Oliveira, seu adjunto. No meio de idas e vindas ao Palácio do Planalto para acertar, por exemplo, o plano de ressarcimento às vítimas das fraudes, começou a mudar a estrutura do ministério. Saiu, por exemplo, Marcelo Panella, que ocupava a chefia de gabinete de Lupi e é tesoureiro nacional do PDT.
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