Sábado, 05 de Julho de 2025

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Enquanto se combate o governo Lula com as manobras mais desprezíveis, submetendo-o, pondo-o de joelhos, enquanto mantêm ativa a artilharia contra o Alexandre de Moraes e o Supremo, vão-se consumindo os recursos públicos que ainda restam, vai se raspando o fundo do tacho na farra das emendas parlamentares.

Não é que o Executivo não mereça críticas. E como merece! Erros sucessivos, reiteração insana de políticas que comprovadamente geram efeitos danosos para o governo e o país, desarticulação, acordos políticos mal costurados, má leitura da conjuntura e dos fenômenos sociais, a companhia nefasta de países e governos autocratas e ditaduras. A lista é interminável.

Pode-se dizer o mesmo quando ao STF, ao qual falta senso de medida para intervir no limite que lhe cabe, resistir à tentação legisladora, de criar a lei, quando deve apenas interpretar as leis existentes – protagonismo voluntarista que, se imiscuindo nas funções dos outros poderes, gera crises institucionais, afunda na discussão estéril e improdutiva, amplia o ambiente de fúria, que paralisa o país e impede-o de seguir em paz.

Mas o Parlamento, faça-me o favor! É o paraíso da baixa politicagem, da busca despudorada dos recursos do orçamento, dos atos de rebaixamento e retaliação ao governo, como nunca houve no país, até onde me lembro. Fazer oposição ao governo está certo e é necessário. Mas querer substituir o governo naquela que é uma função primordial é – dar destino adequado ao dinheiro público, é um abuso e uma exorbitância.

Seus dirigentes, Artur Lira, Hugo Motta, Alcolumbre são figuras menores, de escasso espírito espírito público, cuja virtude é a esperteza para garimpar no orçamento verbas paroquiais e eleitoreiros e distribuí-las entre seus pares na perspectiva quase única de que favoreça as respectivas reeleições.

Enquanto isso, nos jornais e nas redes, o que se ouve são as críticas contra o governo, implacáveis, justas ou contaminadas de facciosismo, corre solto o descalabro das verbas secretas, o pé-de-cabra dos assaltos ao erário, discreto, silencioso, eficiente, quase escondido do escrutínio público.

Aonde vai dar esse estado de belicosidade que domina todos os espíritos, todos os cenários? Não parece que a eleição de 2026 vá arrefecer o pandemônio, o momento de inflexão para uma atmosfera política menos tensionada.

Não está fora de propósito um novo junho de 2013, quando milhares de pessoas foram às ruas no protesto gigante, surpreendente, que ninguém convocou nem liderou, ninguém soube definir o que de fato era o alvo ou que direção tomaria – raiva contra “tudo isso que aí está”, não identificada, rebeldia sem causa.

Talvez as coisas desandem para algo assim, e talvez não seja mau. Talvez desta vez um levante social faça as elites tomarem conhecimento de que do jeito que está não pode permanecer, uma parada para pensar.

Algo que provoque a mudança da forma de fazer política e de governar, uma moderação nas intervenções do STF, um Congresso menos fominha de verbas orçamentárias e com um olhar voltado para as verdadeiras demandas do país.

(titoguarniere@terra.com.br)

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