Terça-feira, 06 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 5 de maio de 2025
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), fez críticas a Jair Bolsonaro (PL) em discurso durante ato oficial do governo e disse que os eleitores do ex-presidente deveriam ser levados para “a vala”.
“Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma ‘enchedeira’. Sabe o que é uma ‘enchedeira’? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para vala”, afirmou o petista.
As declarações foram dadas na última sexta-feira (2) em América Dourada (a 427 km de Salvador), para uma plateia de apoiadores, deputados federais e prefeitos de municípios da região. Na cidade, o governador entregou títulos de terra e inaugurou o Colégio Estadual Professora Nancy da Rocha Cardoso.
Na manhã desta segunda-feira (5), em visita às obras da reforma do Teatro Castro Alves, em Salvador, Jerônimo minimizou as declarações e disse que elas foram tiradas de contexto.
“Quem me conhece sabe, eu sou uma pessoa religiosa, sou uma pessoa de família, não vou nunca tratar qualquer opositor com um tratamento deste. [A fala] foi descontextualizada. Eu apresentei anteriormente a minha inconformação, a minha indignação como o País estava sendo tratado”, afirmou o governador.
Na sequência, ele pediu desculpas pelos termos usados no discurso: “Se o termo vala e o termo trator foi pejorativo ou foi muito forte, eu peço desculpa. Não foi a minha intenção, eu não tenho problema algum de poder registrar quando há excessos na palavra, movido pela indignação”.
As declarações foram criticadas por Bolsonaro. Em postagem nas redes sociais, ele disse que o petista fez “um discurso carregado de ódio, que em qualquer cenário civilizado deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes.”
“Esse tipo de discurso, vindo de uma autoridade de Estado, não apenas normaliza o ódio como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. É a institucionalização da barbárie com o verniz de ‘liberdade de expressão progressista’”, disse
O ex-presidente ainda criticou o Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que “não houve abertura de inquérito, nem busca e apreensão, tampouco convocação da Polícia Federal para apurar incitação à violência”. Na sequência, fez críticas à imprensa, afirmando que nenhuma capa de jornal tratou o caso como “ameaça à democracia”.
Opositores, líderes do PL e deputados bolsonaristas também criticaram o governador da Bahia por suas declarações. Presidente do partido na Bahia, o ex-ministro João Roma classificou a declaração do governador como uma apologia à barbárie e lembrou que o estado é um dos mais violentos do país:
“Essa fala imprudente e leviana é um antiexemplo do que a vida pública, em sua face virtuosa e decente, nos traz como caminho.”
O deputado estadual Diego Castro (PL) apresentou uma denúncia formal ao STF contra Jerônimo e disse que a fala “ultrapassa os limites do discurso político e representa uma ameaça à integridade física de opositores”.
No mesmo discurso em que falou em levar os eleitores de Bolsonaro “para a vala”, Jerônimo afirmou que não faz distinção entre os prefeitos e busca manter uma boa relação mesmo com os adversários, citando os candidatos que não o apoiaram nas eleições de 2022
“Os municípios que eu vou, eu vou porque tenho obrigação com a democracia que elegeu o prefeito e com o povo que fez escolha. Quem não quer democracia, sai do Brasil, vai para outro canto, onde não tem democracia. Nós temos que respeitar a vontade do povo”, afirmou.
Governada pelo PT há 18 anos, a Bahia é um dos principais bastiões do partido no País. O desempenho da gestão local é visto como crucial para manutenção de uma ampla margem de votos no estado para Lula, que teve uma vantagem de 3,7 milhões de votos contra Jair Bolsonaro (PL) em 2022. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
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