Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de agosto de 2023
O governo da França destinará 200 milhões de euros (cerca de R$ 1 bilhão) para financiar a destruição da produção excedente de vinho, numa tentativa de apoiar os produtores em dificuldades e reforçar os preços.
Várias grandes regiões produtoras de vinho na França, especialmente a região de Bordeaux, enfrentam dificuldades em razão de uma combinação de problemas, que inclui mudanças nos hábitos de consumo, a crise do custo de vida e as consequências da pandemia de covid.
O declínio na demanda por vinho levou a um excesso de produção, a uma queda acentuada dos preços e a grandes dificuldades financeiras para um em cada três produtores de vinho na região de Bordeaux, segundo a associação de agricultores locais.
Ajuda
Um fundo inicial da União Europeia, de 160 milhões de euros, para a destruição do vinho foi elevado ontem para 200 milhões de euros pelo governo francês, segundo o ministro da Agricultura, Marc Fesneau.
O dinheiro tinha como objetivo estancar a queda dos preços para que os produtores de vinho possam voltar a encontrar fontes de receitas. “A indústria precisa olhar para o futuro, pensar nas mudanças dos consumidores e se adaptar”, disse Fesneau.
A região de Languedoc, no sudeste da França, a maior área vinícola do país, conhecida pelos seus tintos encorpados, foi uma das mais atingidas pela queda na demanda.
O álcool do vinho destruído pode ser vendido a empresas para utilização em produtos não alimentares, como desinfetantes para as mãos, produtos de limpeza e perfumes. “Estamos produzindo demais e o preço de venda está abaixo do preço de produção, por isso estamos perdendo dinheiro”, afirmou Jean-Philippe Granier, da associação de produtores de vinho de Languedoc.
Em junho, o Ministério da Agricultura também anunciou 57 milhões de euros para financiar a colheita de cerca de 9,5 mil hectares de uvas na região de Bordeaux, enquanto outros fundos públicos estão disponíveis para encorajar os produtores a mudar para outros produtos, como azeitonas.
Retrospecto
A Europa sofreu pela última vez uma crise parecida em meados da década de 2000, o que forçou a União Europeia a reformar sua política agrícola para reduzir a enorme produção que estava sendo estimulada pelos seus próprios subsídios. O bloco ainda gasta 1,06 bilhão de euros anualmente no setor, segundo dados oficiais.
Além de uma tendência de longo prazo de os consumidores mudarem para cerveja e outras bebidas, a indústria do vinho foi gravemente atingida pela pandemia de covid, que fechou restaurantes e bares em todo o mundo, levando a uma queda acentuada nas vendas.
Os recentes aumentos nos preços dos alimentos e dos combustíveis, ligados à alta vertiginosa dos preços globais da energia e à invasão russa da Ucrânia, também levaram os compradores a reduzir os seus gastos em bens não essenciais, como o vinho.