Quarta-feira, 17 de Setembro de 2025

Home Política Governo tenta poupar família de “Careca do INSS” em CPI, sob expectativa de delação, e plano dá errado

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Os aliados do governo na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS tentaram uma manobra, nessa terça-feira (16), para adiar convocações de familiares de duas peças-chave do suposto esquema de descontos ilegais a aposentados. Apesar da tentativa, a comissão aprovou a tomada de depoimentos para a partir desta quinta-feira (18).

Os governistas quiseram travar a convocação da mulher do empresário Maurício Camisotti e do filho e da mulher do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS. Todos aparecem como sócios em empresas e em transações milionárias suspeitas feitas pelos dois principais investigados.

Contudo, os requerimentos para convocá-los haviam sido protocolados por parlamentares do PT e de outros partidos da base. Entre eles, os dois principais petistas da CPI, o deputado Paulo Pimenta (RS) e o senador Randolfe Rodrigues (AP).

A convocação dos familiares e sócios havia sido combinada na véspera, em uma reação ao fato de Antunes ter desistido do depoimento à CPI. Até horas antes do depoimento, ele manteve a presença confirmada. Camisotti também já avisou que não comparecerá. Eles conseguiram decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), que facultou as presenças.

Segundo o líder do governo na CPI, deputado Paulo Pimenta (PT/RS), o adiamento das convocações se daria para não atrapalhar o depoimento do Careca e de Camisotti à Polícia Federal. Ambos foram presos na sexta-feira, 12.

“Nenhum dos presos prestou depoimento até agora. Convocar os parentes é uma mensagem para que eles não falem? Essa é uma questão controversa. Ouvir os parentes depois do depoimento será muito mais elucidativo e adequado. Não quero que a CPI sirva que a investigação da PF chegue aos resultados que queremos”, afirmou Pimenta.

O presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), discordou do entendimento.

“Se eles usavam as famílias para montar empresas, se beneficiar de recursos, que pensassem antes. Está muito claro que as esposas e filhos foram usados como sócios e receptadores do dinheiro”, disse.

Pimenta pediu, na reunião da CPI, para que os requerimentos de convocações de Cecília Montalvão Queiroz, mulher de Camisotti, e de Tânia Carvalho dos Santos e Romeu Carvalho Antunes, mulher e filho do Careca, fossem apreciados separadamente, e não em conjunto com os demais.

O movimento chegou a paralisar momentaneamente a CPI para reuniões paralelas. A cúpula do colegiado se reuniu com governistas em uma sala. E parlamentares do PT também se reuniram reservadamente. A portas fechadas, Pimenta defendeu o adiamento da votação, mas foi derrotado pela cúpula da CPI.

Com a retomada da reunião pública, o senador governista Cid Gomes (PSB-CE) tentou barrar as convocações dizendo ter recebido um telefonema pelo qual foi avisado que “está em curso uma ação que pode conseguir resultados supersignificativos para a elucidação desse caso”. De acordo com o interlocutor, que ele não revelou quem era, a convocação dos familiares “poderia prejudicar ações em andamento”.

Ao Estadão, o senador Randolfe Rodrigues afirmou haver conversas sobre uma suposta delação premiada do Careca do INSS. A versão foi desmentida pelo relator da CPI, Alfredo Gaspar (União/AL), que havia se reunido com delegados da Polícia Federal horas antes.

Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, uma parte dos integrantes da CPI aposta na pressão ao Careca e a Camisotti para que colaborem com as investigações e evitem expor seus familiares. Eles podem ter sido meros laranjas nos supostos esquemas ilícitos.

Para oposicionistas, a intenção dos governistas era aliviar a pressão sobre Careca e Camisotti para que eles evitem entregar nomes ligados ao governo e que poderiam estar de alguma forma relacionados ao esquema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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