Sábado, 17 de Maio de 2025

Home Política Governo vê CPMI do escândalo do INSS inevitável e tenta controlar postos-chave

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O governo federal trabalha com a possibilidade cada vez maior de o Congresso instalar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o escândalo dos descontos ilegais no INSS, e o Planalto já avalia estratégias para disputar cargos e ter voz ativa no colegiado.

A ideia é trabalhar para influenciar o maior número possível de integrantes da comissão, blindar o presidente Lula de um eventual desgaste e responsabilizar a gestão Bolsonaro. O tema provocou um intenso bate-boca no Senado entre o ministro da Previdência e o senador Sergio Moro.

O INSS informou já ter recebido 1.069.201 respostas de aposentados e pensionistas que tiveram descontos em seus benefícios para entidades associativas. Do total, 1.051.238 informaram não reconhecer o vínculo com a respectiva organização, 98,3%.

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), disse que apoia a criação da CPMI, e o senador Fabiano Contarato (PT-ES) assinou a lista que pede a instalação. Já são 37 senadores e 223 deputados a favor da comissão, muito acima do mínimo necessário, mas a instalação depende de decisão exclusiva do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), que ainda não se manifestou.

Apesar de o Planalto se manter oficialmente contra a comissão, os principais interlocutores políticos do presidente Lula reconhecem que o governo não conseguirá evitá-la. Eles afirmam que não é mais o caso de trabalhar pela retirada de assinaturas, mas centrar esforços por “uma comissão equilibrada” em relação ao número de integrantes da oposição, com parlamentares que tenham isenção e conhecimento técnicos sobre o INSS.

A corrente da base governista favorável à instalação argumenta que é necessária uma estratégia de contenção de danos e agir para ter a presidência e a relatoria da CPI mista. Um nome cotado para a relatoria é o da deputada Tabata Amaral (PSB-SP).

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que as investigações podem mostrar irregularidades do governo Bolsonaro e admite assinar o pedido de instalação da CPMI.

“Quem chamou a polícia e deixou ela investigar foi o presidente Lula. Eu não assino CPI, por achar que isto cabe à Polícia Federal. O Congresso deve cuidar dos problemas reais do Brasil, das matérias que importam. Mas talvez eu assine essa, por acreditar que os ventos vão mudar”, disse.

O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, foi a uma audiência no Senado. Ele disse que é a favor da CPMI e afirmou que uma brecha a partir de uma medida provisória editada no governo Bolsonaro aumentou o número de entidades que fizeram cobranças indevidas.

Segundo ele, uma MP editada em 2019 previa revalidação anual de autorizações para descontos, mas acabou sendo alterada para cada três anos a partir de 2021. Depois, uma nova mudança adiou a exigência para 2022. Naquele ano, uma terceira alteração acabou de vez com a revalidação anual. A alteração foi aprovada no Congresso e sancionada por Bolsonaro.

Conforme as investigações, os valores descontados dos aposentados passaram de R$ 536,3 milhões em 2021 para R$ 706,2 milhões em 2022, os dois últimos anos do governo Bolsonaro. Em 2023, primeiro ano da gestão Lula, deram um salto para R$ 1,299 bilhão, e em 2024 atingiram R$ 2,637 bilhões.

O ministro e o senador Sergio Moro (União-PR) tiveram um bate-boca após Wolney afirmar que denúncias sobre os descontos ilegais já tinham sido feitas à Polícia Federal (PF) em 2020, quando Moro era ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

“Um servidor, em 2020, denunciou à PF que havia descontos indevidos, que havia fraude. As denúncias foram feitas em 2020, senador. Parece que vossa excelência era o ministro da Justiça na época. Vossa excelência fez alguma coisa para coibir essas fraudes?”, questionou o ministro, citando reportagem do JN que revelou a denúncia.

Moro reagiu:

“Os fatos nunca foram informados a mim como foram informados a vossa excelência expressamente na reunião lá em 2023”, rebateu o senador, citando o fato de o atual ministro da Previdência ter participado de reunião do Conselho Nacional da Previdência, há cerca de dois anos, em que foi feito um alerta sobre as fraudes.

À época, Wolney era o secretário-executivo do ministro Carlos Lupi, que pediu demissão no início deste mês em meio ao escândalo. As informações são do jornal O Globo.

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