Domingo, 08 de Setembro de 2024

Home em foco Grupo Wagner: entenda o que é a organização e como ela recruta mercenários na Rússia

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O Grupo Wagner, exército privado de mercenários que luta a favor da Rússia na atual guerra com a Ucrânia e se declarou em rebelião contra o comando militar russo, foi fundado em 2014. Inicialmente, era formado por ex-soldados de elite altamente qualificados cujo líder é o oligarca Yevgeny Prigojin, ligado ao Kremlin.

Segundo uma investigação da BBC, um ex-oficial do Exército russo veterano das guerras na Chechênia, Dmitri Utkin, de 51 anos, esteve envolvido na fundação do grupo, cujo nome seria originado de seu próprio nome de guerra no Exército. Ele seria tenente-coronel da GRU, a agência de inteligência militar da Rússia.

Uma das primeiras missões que realizou foi na Península da Crimeia, região ucraniana anexada unilateralmente pela Rússia em 2014, em meio a uma crise no país que derrubou o governo pró-Moscou de Viktor Yanukovich. Lá, mercenários com uniformes sem identificação ajudaram forças separatistas apoiadas pela Rússia a tomar a região. A empresa paramilitar chegou a ser alvo de sanções dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia (UE).

Em seguida, mercenários do grupo participaram da revolta de separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, deflagrada também em 2014. Segundo Tracey German, professora de Conflito e Segurança na Universidade King’s College London, no Reino Unido, cerca de mil paramilitares do Wagner se juntaram às tropas separatistas em Donetsk e Luhansk.

Quem está no Grupo Wagner

Mais tarde, chamou à atenção do mundo por causa de recrutamento de soldados e sua relação política com o governo russo. Uma das campanhas do Wagner para reunir mais homens comprometidos e motivadas com o propósito de amor ao país acima de qualquer ideal. Eles são retratados como homens que arriscam suas vidas por uma causa maior e que também tem como princípios a força na batalha.

As campanhas para conseguir soldados para o grupo são conteúdos de superprodução, veiculados na TV e também em redes sociais, com imagens que exaltam a empresa mercenária. A ideia de que os homens que lutam pelo país devem estar preparados para dar a vida pelo país em um ato de heroísmo é a principal base para o recrutamento. Segundo Ilya Bykov, professor de Ciências Políticas e especialista em relações públicas políticas, o Wagner procura incorporar pessoas atraídas pela combinação de heroísmo e ideais machistas.

Em 2022, o grupo fez uma grande campanha para recrutar novos soldados e inclusive, com a anuência do governo russo, abriram vagas para dezenas de milhares de presidiários, aos quais foi prometido perdão da pena em troca de um contrato de seis meses com a empresa privada de luta armada. Atualmente, mais de 400 mil pessoas seguem o grupo em uma das páginas de recrutamento de Wagner nas redes sociais russas. “Wagner não é trabalho, é um estilo de vida”, detalha a descrição da página do grupo no VKontakte.

Estima-se que existam cerca de 20 mil mercenários no campo de batalha, o que representa 10% de todas as tropas russas na guerra conta a Ucrânia, onde teve papel crucial na tomada de Bakhmut, a batalha mais sangrenta do conflito até agora, que se arrastou por meses. O grupo é atualmente liderado por Yevgeny Prigojin, empresário ligado ao Kremlin, que tem nas redes sociais uma importante ferramente de comunicação. Ele aproveita da internet para postar conteúdos de batalha em seus perfis encorajando homens a se unirem ao Wagner. Além do conflito atual, o grupo supostamente participou de confrontos na Síria e na Líbia, além do Sudão e na República Centro-africana.

Atualmente, as relações entre o Wagner e o Kremlin estão abaladas. O grupo se rebelou nesta sexta-feira contra o alto comando militar russo e Prigojin afirmou ter a intenção de derrubar o ministro da Defesa, Sergei Shoigu. A tensão de ambos os lados cresceu depois que Wagner acusou os militares russos de atacarem seus soldados.

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