Domingo, 27 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de julho de 2025
A uma semana da vigência de tarifaço de 50% dos EUA sobre os produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou da falta de interlocução com o governo americano. Segundo ele, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem tentado negociar diariamente, embora sem sucesso. “Todo dia, ele liga para alguém, e ninguém quer conversar com ele”, reclamou Lula, acrescentando que seu governo já teve dez reuniões com os EUA e que “ninguém pode falar que não estou negociando”.
Lula também enviou um recado ao presidente americano, Donald Trump, dizendo que, no dia em que ele quiser conversar, o Brasil estará “pronto e preparado”. “Vamos mostrar o quanto você ( Trump) foi enganado com as informações que lhe deram.”
“Todo dia, ele (Alckmin) liga para alguém (no governo americano), e ninguém quer conversar com ele. (…) Trump, no dia que você quiser conversar, o Brasil estará pronto e preparado”, disse Luiz Inácio Lula da Silva
“A maioria dos acordos será fechada por cartas que estabelecem tarifas, e elas (as cartas) mencionam tarifas de 10% ou 15%”, disse Donald Trump.
A promessa de sobretaxa que surpreendeu o Palácio do Planalto foi feita em 9 de julho por Trump, e misturou dados comerciais equivocados (como a informação de que o Brasil teria superávit no comércio com os EUA) com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF. Desde então, representantes do governo brasileiro reclamam que as negociações estão emperradas por ordem do próprio Trump.
Como o Estadão antecipou, Alckmin se reuniu no sábado passado, por videoconferência, com o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, quando propôs ampliar “significativamente” os laços comerciais e de investimentos entre os dois países como forma de rebater o tarifaço.
As afirmações de Lula foram feitas em evento, em Osasco (SP), no qual anunciou investimentos no âmbito do PAC para a urbanização de favelas. No mesmo dia, a agência de notícias Bloomberg divulgou que o governo americano está preparando uma nova declaração de emergência para usar como base para a sobretaxa de 50%. A medida, que ainda não foi finalizada, levaria em conta que o Brasil tem uma situação diferente da de outros países que foram alvo das tarifas aplicadas por Trump.
A principal diferença é que, enquanto outras nações têm superávits comerciais com os EUA, o Brasil tem déficit: em junho passado, esse déficit foi de US$ 590 milhões, elevando o total acumulado no primeiro semestre de 2025 para US$ 1,67 bilhão. Nesse sentido, há uma avaliação de que as tarifas poderiam ser questionadas judicialmente.
Ainda segundo a Bloomberg, a busca por esse embasamento legal ajudaria a dar uma justificativa mais comercial e menos política ao tarifaço. Outra iniciativa adotada pelos EUA para dar uma base legal à cobrança foi a abertura de uma investigação sobre práticas comerciais. O Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês) iniciou no dia 15 deste mês uma investigação nos termos da chamada Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. A investigação buscará determinar “se atos, políticas e práticas do governo brasileiro são irracionais ou discriminatórios e oneram ou restringem o comércio dos EUA”, diz o documento do USTR.
Só no setor do agronegócio, a aplicação do tarifaço deve resultar em queda de 48% nos embarques de produtos agropecuários para o mercado americano e perda de US$ 5,8 bilhões ao setor somente neste ano. A estimativa é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Trump disse que a maioria dos acordos, “se não todos”, será concluída em 1.º de agosto. Na sequência, ele acrescentou que “a maioria dos acordos está concluída”. “A maioria dos acordos será fechada por cartas que estabelecem tarifas, e elas ( as cartas) mencionam tarifas de 10% ou 15%”, afirmou o presidente americano. Trump fala em até 200 cartas. Na quarta-feira, sem se referir explicitamente ao Brasil, ele disse que tarifas de 50% só seriam aplicadas a países com os quais o relacionamento “não tem sido bom”. As informações são do portal Estadão.
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