Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 16 de outubro de 2023
Daniel Noboa, político inexperiente e herdeiro de uma fortuna construída com base no comércio de bananas, foi eleito no segundo turno das eleições presidenciais do Equador. Com 93% dos votos apurados, as autoridades eleitorais disseram que Noboa tinha uma vantagem de 4,5 pontos porcentuais sobre Luisa González, advogada de esquerda e aliada do ex-presidente exilado Rafael Correa.
No primeiro turno, a candidata de Correa, Luisa González, obteve 33,6% dos votos, enquanto Daniel Noboa chegou a 23,5%. A virada mostra que o “correísmo” tem uma base consolidada de apoio, mas limitada capacidade de crescimento.
Noboa aproveitou a sua juventude para captar o voto jovem, prometendo criar novos empregos num país onde apenas três em cada dez equatorianos têm contratos adequados, sem nenhum tipo de precariedade.
O pai do novo presidente tentou, sem sucesso, ser presidente do Equador cinco vezes. Surpreendentemente, o desconhecido filho conseguiu logo na primeira campanha. E, logo de cara, derrotou a força política mais consolidada do país, o chamado “correísmo”, corrente política do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), que tenta voltar ao poder.
Sua mãe, a médica Annabella Azín, também foi legisladora e candidata a vice-presidente. O avô de Daniel Noboa, Luis Noboa Naranjo, foi um dos empresários mais importantes do país no século passado.
Formação
O presidente eleito estudou Administração de Empresas na Escola de Negócios Stern, da Universidade de Nova Iorque. Tem três mestrados: em Administração de Negócios e Administração Pública na Kellogg School of Management, em Comunicação Política na Universidade de Harvard e Comunicação Política e Governança na Universidade de George Washington. Também estudou física e marketing.
Aos 18 anos, Daniel Noboa fundou a sua primeira empresa, a DNA, no setor de organização de eventos. Anos depois, foi diretor comercial na empresa de transporte marítimo da família.
O presidente eleito garante ser um social-democrata, mas o discurso em matéria econômica e a origem empresarial são da direita liberal.
Daniel Noboa espera o seu segundo filho, o primeiro da sua segunda esposa, a nutricionista Ángela Lavinia Valbonesi, de 25 anos.
Segurança
Os equatorianos têm uma exigência comum para o novo presidente: segurança. E Noboa terá muito trabalho pela frente. A eleição ocorreu em um momento em que cada vez mais equatorianos se tornam vítimas da violência relacionada às drogas. Nos últimos três anos, gangues de traficantes têm aterrorizado o país. Em agosto, o candidato à presidência Fernando Villavicencio foi assassinado em plena luz do dia. O clima hostil levou Noboa a usar um colete à prova de balas em eventos públicos.
O presidente mais jovem da história do país disse que seu objetivo é “devolver a paz” ao Equador. “Vou devolver a paz ao país, a educação à juventude, dar emprego à multidão que hoje o busca, tranquilidade às famílias que hoje não podem sair às ruas”, disse ao discursar ontem.
Clima tranquilo
A eleição ocorreu sem nenhum incidente grave. Após o fechamento das urnas, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Diana Atamint, disse que um “compromisso interinstitucional da Polícia Nacional e das Forças Armadas” permitiu que as pessoas votassem com segurança. “Hoje, o Equador triunfou, a democracia triunfou”, disse ela.
Noboa governará o país até maio de 2025, que é o que resta do mandato do presidente Guillermo Lasso, um ex-banqueiro conservador. Ele abreviou seu permanência no cargo ao dissolver a Assembleia Nacional em maio, quando os legisladores instauraram um processo de impeachment contra ele por supostas irregularidades em um contrato de uma empresa estatal.
Mais mortes
Sob o comando de Lasso, as mortes violentas aumentaram, chegando a 4,6 mil em 2022, o maior número da história do país e o dobro do total em 2021. A Polícia Nacional registrou 3.568 mortes violentas no primeiro semestre de 2023.
O aumento da violência está ligado ao tráfico de cocaína. Cartéis mexicanos, colombianos e dos Bálcãs criaram raízes no Equador e operam com a ajuda de gangues locais.
“Não espero muito dessa eleição”, disse Julio Ricaurte, um engenheiro de 59 anos, ontem, perto de um dos centros de votação em Quito. “Primeiro, porque o presidente terá pouco tempo e, segundo, porque a Assembleia (Nacional) é uma organização que impede qualquer um que chegue ao poder de governar.”
No Ar: Pampa Na Tarde