Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 18 de junho de 2022
Os versos “nossa história vai virar cinema/e a gente vai passar em Hollywood”, da canção “Coisa de cinema”, de Claudinho e Buchecha, estão perto de se tornar realidade.
Na semana passada, em um dia de filmagem na Ilha do Governador, bairro carioca onde a dupla viveu após despontar para o sucesso em São Gonçalo, Lucas Penteado e Juan Paiva, que interpretam Claudinho e Buchecha respectivamente, estavam rodando mais uma cena de “Nosso Sonho”.
A cinebiografia sobre a dupla que veio do funk e fez história no pop nacional é dirigida por Eduardo Albergaria e tem previsão de lançamento nos cinemas para 2023, com distribuição da Manequim Filmes. Um dos biografados, o cantor Buchecha marcou presença no set e se emocionou com o trecho filmado no dia: seu casamento com Rosana Souza, com quem começou a namorar quando tinha 15 anos e com quem está até hoje.
Lucas Penteado e Juan Paiva dão vida a Claudinho e Buchecha nos cinemas
Aos 47 anos, Buchecha lembra que ficou sensibilizado ao assistir a “2 filhos de Francisco – A história de Zezé di Camargo e Luciano” (2005), de Breno Silveira, quando, em fase inicial na carreira solo, três anos após a morte de Claudinho, identificou-se com a história de percalços até o sucesso.
“Lá no fundo, ficou passando pela minha cabeça: ‘Será que um dia vai aparecer alguém que vai nos olhar com carinho e ter o interesse de contar a nossa história?’”, diz o cantor. “Agora, estou vendo um sonho se concretizando. Como dizem na comunidade, estou embasbacado. E bem na fita, colocaram um ator muito bonito pra me representar.”
O projeto vai contar essa história de música e amizade, passando pela trágica morte de Claudinho, em um acidente de carro há 20 anos (mais exatamente, em 13 de julho de 2002), e pelo período de depressão de Buchecha, até reunir forças para investir numa carreira solo. Albergaria, que também assina o roteiro ao lado de Fernando Velasco, Daniel Dias e Mauricio Lissovsky, diz que não vai ignorar os momentos mais dramáticos vividos pelos músicos, mas descreve seu filme como “um convite à alegria”.
“É uma história de sucesso de dois meninos que saem de São Gonçalo para ganhar o mundo e chegar até o Japão, de jovens que tiveram suas vidas transformadas pela arte, pelo funk, pela cultura e pela amizade”, diz Albergaria. “Estamos contando a história que as pessoas esperam, mas também entregando um pouco mais. É um encontro com as músicas e um encontro com o sentimento daquela época.”
O sonho de Buchecha de ter a trajetória de sua dupla contada no cinema começou a se tornar realidade há sete anos. A ideia para o filme partiu do roteirista Fernando Velasco, na produtora Urca Filmes. Na ocasião, Albergaria considerou a iniciativa interessante, mas achou que já haveria outras produtoras de olho. Quando descobriu que ninguém estava desenvolvendo um projeto sobre a dupla, resolveu ligar para o artista. Após uma reunião na casa de Buchecha, o diretor viu que tinha uma grande história nas mãos.
Herói do funk
Conhecido pelo trabalho como Ravi na novela “Um Lugar ao Sol”, Juan Paiva, de 24 anos, conta como foi o processo de encontrar seu Buchecha.
“É uma grande responsabilidade, porque é uma vida que existe, é diferente de você criar um personagem. Eu tento prestar atenção nos detalhes. Vi muitas entrevistas, vídeos dele dançando, e, nas oportunidades que tive de encontrá-lo, fiquei observando a forma como fala, como se comporta”, descreve Juan. “O Buchecha é um grande herói do funk, tem uma história linda. Espero que ele se veja em mim e veja o Claudinho no Lucas (Penteado).”
Conhecido pela conturbada passagem pelo BBB 21, Lucas Penteado, de 25 anos, tinha apenas 5 quando Claudinho morreu, mas tem lembranças da dupla que movimentou o Brasil nos anos 1990. Ele se recorda de uma ocasião em que foi chamado a atenção na escola por usar boné na sala de aula. Um dia, ao se deparar com uma entrevista de Claudinho e Buchecha na TV, fez questão de mostrar ao pai que os dois estavam de boné.
“Eu falei para o meu pai que era estilo. A minha identidade começou vendo Claudinho e Buchecha na TV. Eles sempre foram uma referência para mim”, conta Lucas, que também viu e ouviu muito material de arquivo com Claudinho. “Foi um processo de descoberta, tentar entender como ele fala, anda, olha. Eu sou meio nerd, então tentei entender como era essa língua presa que ele tinha, dificuldades com o ‘C’ e o ‘S’, mas falava bem o ‘R’.”
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