Terça-feira, 02 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de dezembro de 2025
A Titan, holding que concentra os investimentos pessoais de Daniel Vorcaro, o fundador do Banco Master preso na Operação Compliance Zero – e que na última semana, foi liberado, porém, com tornozeleira eletrônica-, foi desenhada segundo seu já conhecido estilo ostentação.
Localizado em dois andares de um dos ícones da Faria Lima, o “prédio da baleia”, o escritório tem 4 mil metros quadrados. Divididos em duas lajes, cerca de dez funcionários trabalham na holding, sendo que empresas no mesmo prédio costumam colocar de 150 a 200 pessoas por andar. Um elevador privativo liga a Titan ao heliponto.
Fanático por ginástica, Vorcaro também colocou lá uma academia, sauna e hidromassagem, segundo uma pessoa que visitou o ambiente e que falou em condição de anonimato. Há ainda uma adega com centenas de garrafas de vinhos e um bar, em estilo inglês, com muitas safras de Macallan, a fabricante de uísque escocesa famosa por suas coleções raras — e caras — e dona dos recordes de preços em leilões da bebida. O fumódromo também é repleto de charutos cubanos.
É um patamar que destoa até mesmo dos escritórios recobertos de mármore da Faria Lima, onde a aparência importa na hora de conquistar clientes. Com a liquidação extrajudicial do Master, porém, a empresa tem visto seus investimentos desmancharem.
Além de gestão dos investimentos pessoais de Vorcaro, a Titan é descrita em seu site na internet como reestruturadora de empresas.
Entre os casos de sucesso apresentados no site está o grupo de varejo de moda Veste (antiga Restoque), dono das marcas Le Lis, Bo.bô e Dudalina. Após a recuperação judicial, “a WNT Capital, gestora de recursos na qual Vorcaro é um dos principais investidores” converteu dívidas da Veste em ações, tornando-se dona de 56% da empresa, segundo o site da Titan.
Outro exemplo apresentado como sendo de sucesso é o da Oncoclínicas, rede especializada no tratamento do câncer. “Em maio de 2024, os investidores de Quíron Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia e Tessália Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, veículos de investimento ancorados pelo Banco Master, fecharam acordo de investimento com a Oncoclínicas e assumiram o compromisso de subscrever até R$ 1 bilhão em novas ações”, diz o site.
A Veste foi um dos ativos posteriormente vendidos ao BTG Pactual com o acirramento da crise do Master. Já a Oncoclínicas, com a liquidação do Master, veio a público informar que tinha R$ 433 milhões investidos em CDBs do banco. Desse total, R$ 217 milhões haviam sido provisionados e R$ 216 milhões representavam perda potencial imediata.
Na semana passada, a Oncoclínicas disse que exercerá a opção de compra das cotas dos fundos Tessália e Quíron, que valiam R$ 203 milhões na data do anúncio. Em novembro, os papéis da Oncoclínicas perderam quase 18% de seu valor.
Entre os 29 negócios da Titan listados no site, sete estão ligados ao próprio Master, como a corretora do banco e o Credcesta (que opera um cartão de crédito consignado voltado principalmente a servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS). Desses sete, apenas o banco digital Will Bank, cuja venda continua sendo negociada após a crise do Master e não foi liquidado pelo Banco Central (BC), está de pé. O Banco Voiter havia sido vendido a Augusto Lima, que era um dos sócios de Vorcaro no Master e também foi preso pela Compliance Zero.
Ainda constam do portfólio da Titan empresas já vendidas, como o Fasano Itaim e a mineradora Itaminas, além da empresa de energia Light, cuja participação também foi vendida ao BTG com outros ativos que somaram R$ 1,5 bilhão.