Sexta-feira, 26 de Abril de 2024

Home em foco Idosos resistem a aderir ao Pix com medo de fraudes

Compartilhe esta notícia:

O Pix, sistema eletrônico de transferências e pagamento do Banco Central (BC) lançado no fim de 2020, superou todas as expectativas. Mas, em um grupo etário específico ainda enfrenta resistências: o de pessoas com mais de 60 anos. Por medo ou desconhecimento sobre a ferramenta, a população nessa faixa etária é a que menos faz transações por meio da ferramenta.

Open Banking: Bancos já fazem quase 100 milhões de interações por mês para compartilhar dados de clientes

Enilda Grande tem 65 anos e ainda não começou a usar o Pix por medo de ser assaltada. No entanto, pela praticidade e por causa das restrições da pandemia, ela pensa em começar a usar o sistema para fazer transferências para a família e pagar as contas: “Estava pensando em pegar um aparelho que eu tenho e deixar em casa só para usar o Pix e usar outro na rua.”

Das 34 milhões de pessoas que têm entre 20 e 29 anos, ou 16% da população, de acordo com o IBGE, 26 milhões fizeram uso do Pix em novembro ou dezembro. Elas representam 27,3% das pessoas que transferiram recursos pelo sistema do BC no período.

Já entre os idosos, a situação é outra. As pessoas com mais de 60 anos — 14,7% da população brasileira —representam apenas 8,9% dos clientes que mandaram ou receberam um Pix nos últimos meses de 2021, de acordo com estatísticas do Banco Central.

Aumento de 54%

Aos 66 anos, Antônia Rosa é uma das pessoas que decidiram não aderir ao Pix. A aposentada diz que tem um pouco de medo por causa dos relatos de golpes. O uso que ela faz dos aplicativos de banco se limita a checar o saldo na conta corrente.

“Acho prático você fazer tudo dentro da sua casa e não precisar estar se expondo em fila de lotérica ou de banco, mas infelizmente eu não me sinto segura”, relatou Antônia Rosa, que participa de um projeto de inclusão digital de idosos no Centro Universitário UDF, em Brasília.

“Muitos têm receio de verdade. Acho que como o Pix é um serviço muito autônomo, eu entro, eu cadastro minha chave, eu faço meu pagamento, fica parecendo que não tenho o intermédio do correspondente bancário. Achei que eles ficaram um pouco desconfortáveis com isso”, disse.

O crescimento das transações por idosos também tem sido menor que o ritmo do restante dos usuários nos últimos meses. Enquanto o número de transações das pessoas com mais de 60 anos cresceu 54% entre junho e novembro de 2021, o de jovens entre 20 e 29 anos aumentou 64%.

Segundo o BC, o ritmo de adoção do Pix superou as expectativas em todas as faixas etárias e é natural que as pessoas mais velhas encontrem mais barreiras com o avanço da tecnologia.

O Banco Central diz que apesar do acesso menor entre os idosos, o crescimento é expressivo. “Devido a maior afinidade com tecnologia, é natural que a adoção ocorra de forma ainda mais expressiva na faixa etária mais jovem. Entretanto, o uso do Pix pela população 60+ já passa de 27% e o Pix só tem aproximadamente um ano de funcionamento”, apontou o Banco Central.

Mesmo com medo de golpes, a aposentada Rosa Casaccia, de 76 anos, passou a utilizar o Pix a partir do fim de 2021. A demanda veio da empregada doméstica, que precisava que o pagamento chegasse mais rápido.

“Eu resisti bastante. Por isso que comecei no fim do ano passado. Estava demorando muito para chegar a transferência para minha empregada e ela me pediu para fazer por Pix. Eu não estava querendo, mas como ela precisava, eu tentei o mais rápido possível”, contou a moradora de Porto Alegre.

Confiança

O uso é restrito aos netos, ao fisioterapeuta e à empregada, mas Rosa tem tentado fazer mais operações: “Ultimamente sabe o que tenho feito? O sorteio da Mega-Sena eu paguei com Pix, achei bem fácil, só que acertei só uma dezena”, lamenta.

A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora da Unidade de Inclusão Digital de Idosos (Unidi), Letícia Machado, explica que os idosos têm mais resistência a novidades e medo de serem enganados.

“Eles são de uma época em que se precisava ir até o banco, falar com o gerente, ter esse vínculo afetivo com as pessoas porque é dinheiro que foi batalhado”, ponderou a professora.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Republicanos defendem invasão ao Capitólio e censuram dois de seus parlamentares, que ajudaram a investigar ato contra o Parlamento dos Estados Unidos há um ano
Câmara dos Deputados concluiu esta semana a votação de projeto que pune motorista que divulgar infração de trânsito na internet
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Show de Notícias