Quinta-feira, 20 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 20 de novembro de 2025
Com 45 anos de idade, o advogado-geral da União, Jorge Messias, poderá permanecer no STF (Supremo Tribunal Federal) até completar 75 anos, em 2055, idade-limite para atuação na Corte. Caso sua indicação seja confirmada pelo Senado, Messias terá um dos mandatos mais longos entre os atuais ministros, com potencial para influenciar decisões do tribunal por até três décadas.
A longevidade no cargo reforça a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de consolidar uma marca duradoura no Judiciário. Com Messias, Lula terá indicado cinco dos 11 ministros atualmente em atividade, o que representa quase metade da composição da Corte.
Na atual composição do Supremo Tribunal Federal, quatro ministros foram indicados por Luiz Inácio Lula da Silva: Cármen Lúcia (2006), Dias Toffoli (2009), Cristiano Zanin (2023) e Flávio Dino (2024).
Cármen Lúcia e Toffoli foram indicados nos primeiros mandatos de Lula, enquanto Zanin e Dino chegaram ao STF durante seu terceiro governo. Os dois últimos têm vínculos diretos com o presidente: Zanin foi seu advogado na Lava-Jato, e Dino atuou como ministro da Justiça.
Cármen Lúcia, nomeada em 2006, deve se aposentar em abril de 2029, aos 75 anos. Toffoli, indicado em 2009, poderá permanecer na Corte até novembro de 2042. Já os dois mais recentes — Zanin e Dino — têm mandatos ainda mais longos pela frente: Dino, com 55 anos, pode ficar até 2043; Zanin, o mais jovem da Corte, poderá permanecer até novembro de 2050, totalizando quase 30 anos de atuação.
Messias é advogado, mestre e doutor em Direito pela UnB (Universidade de Brasília), com graduação pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Atualmente, exerce o cargo de Advogado-Geral da União, nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva em 2023.
Servidor de carreira da Advocacia-Geral da União desde 2007, Messias atuou como procurador da Fazenda Nacional e ocupou diversos cargos no governo federal, como subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República, consultor jurídico nos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, e secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior.
Evangélico, membro da Igreja Batista, Messias é casado e pai de dois filhos. Sua trajetória é marcada pela atuação técnica e pela proximidade com o presidente Lula, que o considera um homem de confiança. Essa relação fortaleceu seu nome para ser indicado ao STF. Messias também tem uma trajetória marcada por proximidade e confiança com figuras centrais do PT, especialmente a ex-presidente Dilma Rousseff e Aloizio Mercadante, atual presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Quem é Messias?
Servidor público de carreira, Messias foi procurador do Banco Central e procurador da Fazenda Nacional. Ao se envolver no movimento sindical das carreiras da AGU, atuou no Ministério da Educação, na gestão de Mercadante, onde foi secretário de Regulação. Foi nesse período que passou a se aproximar de dirigentes do PT.
No governo Dilma, foi subchefe de Assuntos Jurídicos e trabalhava com a ex-presidente em um dos momentos mais delicados do PT no Palácio do Planalto. Na época, teve seu nome nacionalmente exposto por uma interceptação telefônica divulgada na Lava Jato, em uma conversa entre Lula e Dilma, em março de 2016.
Na ocasião, Dilma avisou a Lula que enviaria, por meio de “Bessias”, um termo de posse para que ele assinasse e, assim, se tornasse ministro da Casa Civil. A interceptação foi captada depois que o então juiz Sergio Moro havia mandado as operadoras de telefonia interromperem as gravações, o que levou à sua divulgação ser considerada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal.
Messias e Dilma nunca se afastaram. A ex-presidente esteve na cerimônia de posse de Messias como ministro da AGU, em 2023, e em um jantar reservado à família e amigos próximos. Em 2019, Messias trabalhou no gabinete do senador Jaques Wagner (PT-BA). Com a vitória de Lula em 2022, obteve papel de destaque já na transição, quando coordenou o grupo dedicado a temas relacionados à Transparência, Integridade e Controle.
Dentro do governo, construiu uma relação próxima com a ministra da Gestão, Esther Dweck, e com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Também tem entre seus principais aliados os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. (Com informações de O Globo)