Sexta-feira, 21 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 21 de novembro de 2025
Com parte da base governista resistente, o ministro Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) precisará buscar votos na oposição e na ala do Centrão mais próxima ao ex-presidente Jair Bolsonaro para consolidar maioria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na tão almejada vaga ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Messias foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira (20) para a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso. A escolha provocou insatisfação no presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que preferia o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Nas horas seguintes à oficialização, os 27 titulares do colegiado foram procurados. Até o momento, três senadores se manifestaram a favor de Messias e outros três já disseram que votarão contra. O nó para o advogado-geral da União, no entanto, está no campo dos que se declaram indecisos e entre aqueles que optaram por não se manifestar publicamente em sua defesa. Procurado, Messias não se manifestou.
Três senadores revelaram que não sabem se vão apoiar Messias, entre eles dois nomes do MDB com os quais o governo conta: Eduardo Braga (AM) e Veneziano Vital do Rêgo (PB). Além disso, parlamentares também próximos ao Palácio do Planalto, casos de Renan Calheiros (MDB-AL) e Otto Alencar (PSD-BA), que preside a CCJ, disseram que não vão responder — ou seja, decidiram não dar apoio público a Messias. Ao todo, oito senadores já informaram que não vão tratar do assunto, enquanto outros 10 não deram nenhum tipo de resposta.
“A votação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, é um indicativo muito preocupante para o governo”, disse Braga, em referência à votação apertada da semana passada, em que Gonet foi reconduzido com apenas quatro votos acima do mínimo necessário.
Parlamentares que fazem o mapa de votos de Messias na CCJ dividem o colegiado em três blocos. Há um formado pelos senadores de PT, PSB e PDT, com cinco integrantes. Fora desse núcleo, o advogado-geral da União já angariou os apoios do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) e Eliziane Gama (PSD-MA), o que, em tese, estabelece um patamar de sete votos “garantidos”.
“Ele é um jurista de trajetória limpa, tecnicamente preparado e profundo compromisso com a Justiça e o interesse público. É também um grande gesto do presidente para o segmento evangélico”, disse Eliziane.
Há um segundo grupo, composto por MDB e PSD, com nove senadores. Os partidos se alinham ao governo em determinados temas, mas têm bastante proximidade com Alcolumbre. Diante da indefinição de uma parcela desse núcleo, restará a Messias avançar em direção à oposição para chegar aos 14 apoios necessários para formar maioria na CCJ.
No MDB, a situação é descrita por dirigentes como “delicada”. Reservadamente, integrantes da bancada expressaram incômodo com a falta de diálogo e evitaram antecipar posição. Nenhum dos quatro senadores do MDB na comissão manifestou apoio automático, algo incomum em sabatinas anteriores.
No caso da sabatina de Flávio Dino, duas semanas antes da votação no colegiado Renan Calheiros (MDB-AL) já havia declarado seu apoio a ele, assim como Omar Aziz (PSD-AM) e Otto Alencar (PSD-BA). Aliados de Messias ponderam que a indicação acabou de acontecer e que há tempo suficiente para cativar novos apoios.
Por fim, há um grupo mais distante do Planalto, formado por Novo, PL, União Brasil, PP, Republicanos, Podemos e PSDB, que somam 13 cadeiras. Senadores desse bloco, como Magno Malta (PL-ES) e Márcio Bittar (PL-AC), já se manifestaram contra Messias. Há ainda outros nomes próximos a Bolsonaro que ainda não se manifestaram, casos de Marcos Rogério (PL-RO) e Esperidião Amin (PP-SC), que revelou publicamente ter votado contra Gonet. (Com informações do jornal O Globo)