Domingo, 23 de Março de 2025

Home Economia Índice que reajusta o aluguel tem 1ª deflação em 12 meses desde 2018

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O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) teve queda de 0,95% em abril e registrou a primeira deflação em 12 meses desde 2018, com redução de 2,17%. No ano, a diminuição foi de 0,75%. O indicador serve de base para o cálculo de reajuste do aluguel residencial e foi divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta.

O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), avalia que o indicador sofreu com o efeito de queda no preço das commodities, motivado pelas previsões de safras boas no Brasil e em outros produtores, como Europa e Estados Unidos.

Neste último caso, ainda que a previsão não seja tão positiva como no Brasil, o clima vem favorecendo com boas taxas de chuva, em uma época em que os grãos estão “enchendo”, retendo água.

“Há expectativa de ofertas muito boas, mas os juros muito altos em várias economias do mundo desestimulam a demanda. Vai ser um período de alta oferta e baixa demanda, o que sustenta uma expectativa de preços mais baixos por um período longo.”

Além das commodities agrícolas, minérios também estão presentes na apuração do IGP-M. Como o consumo de bens duráveis é muito sustentado por crédito, essa demanda também diminui em contexto de juros altos, o que ajuda a explicar uma queda tão acima das expectativas.

Pouco efeito do câmbio

Soja (-9,34%), milho (-4,33%) e minério de ferro (-4,41%) tiveram quedas significativas, diminuindo de forma significativa o custo para segmentos de varejo.

Braz explica que o indicador não foi tão impactado pela queda no dólar, registrada recentemente. Para sustentar preços baixos, o volume de negócios deveria ter sido maior, com o dólar em menos de R$ 5 por mais tempo.

“A mudança no câmbio deve ser permanente e mais duradoura para impactar no índice”, concluiu.

IPC

Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) está em trajetória de desaceleração e variou positivamente 0,46% em abril, mas ainda sofrendo impacto do reajuste de preços administrados, como gasolina (2,39%, antes 6,52% na edição anterior), energia (1,31%) e medicamentos (2,02%).

A maior contribuição para a desaceleração foi do grupo Transportes, que passou de 2,22% em março para 0,85% em abril. Também apresentaram decréscimo Habitação (0,84% para 0,62%) e Comunicação (0,46% para 0,21%). Nestes grupos, chamam atenção: aluguel residencial (2,73% para 1,31%) e tarifa de telefone móvel (1,18% para 0,55%).

Em contrapartida, os grupos Educação, Leitura e Recreação (-1,50% para -0,96%), Alimentação (0,14% para 0,36%), Vestuário (0,20% para 0,31%), Despesas Diversas (0,13% para 0,18%) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,00% para 1,01%) apresentaram avanço em suas taxas de variação.

Já o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) diminuiu 1,45% em abril, depois de cair 0,12% em março. A principal contribuição para o resultado foi dos alimentos processados, que passou de -0,96% para 0,65%.

IGP-M

Embora cause estranhamento, o uso do IGP-M, que tem em sua cesta de cálculo commodities, para o reajuste do aluguel carrega uma explicação histórica, segundo Braz. O IGP-M foi desenvolvido em 1989, antes do Plano Real.

Naquela época, o IGP-M e o IPCA tinham taxas em 12 meses praticamente iguais, mas o IGP-M tinha como vantagem a data de divulgação, que era no último dia útil do mês. Ter um índice que reportasse a inflação do mês e que fosse publicado na véspera do mês seguinte era muito conveniente ao mercado.

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Mais tarde, ficou claro que o IGP-M tinha componentes que não conversavam com aluguéis, mas ele já estava bem disseminado.

“Nada impede que ele seja trocado. Nem o IPCA foi pensado para o mercado imobiliário, mas para o inquilino, que paga escola e alimentação, por exemplo. Só que o imóvel é um ativo e precisa se ver o lugar do proprietário, que espera ganhar com o investimento. No meio dessa discussão, a FGV já desenvolveu o IVAR, que consegue monitorar o aluguel em imóveis já alugados. Hoje temos uma oferta grande de indicadores a disposição.”

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