Quinta-feira, 20 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de novembro de 2025
A decisão do Banco Central (BC) de determinar a liquidação do conglomerado que inclui o Banco Master é a maior do tipo já registrada no País. O tamanho do banco, o volume de dinheiro movimentado e o risco para os clientes superam todas as crises bancárias anteriores – inclusive as mais famosas, como as do Bamerindus, Nacional e Econômico, nos anos 1990.
O BC decidiu pela intervenção do Banco Master S.A., colocando a instituição em liquidação extrajudicial, um regime em que o banco para de operar e um administrador assume a tarefa de vender seus bens para tentar pagar dívidas. Já o Banco Master Múltiplo, outra empresa do grupo, foi colocado sob administração especial temporária, ou seja, continua funcionando, mas sob controle direto do BC.
Segundo dados oficiais, o conglomerado tinha R$ 86,396 bilhões em ativos – o maior volume de recursos já envolvido em um processo de liquidação na história do sistema financeiro brasileiro.
Além disso, o banco acumulava R$ 62,2 bilhões em depósitos que poderiam ser cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que funciona como um “seguro” para clientes em casos de quebra. O FGC só cobre até R$ 250 mil por pessoa, mas nunca antes teve de lidar com um volume tão grande de depósitos sob risco ao mesmo tempo.
Nos últimos 30 anos, o FGC precisou atuar em 40 quebras bancárias – nenhuma, porém, chegou perto da escala do Master. Por isso, a intervenção já é considerada a maior da história do sistema financeiro nacional.
— As maiores intervenções bancárias da história do Brasil
Banco Nacional (1995)
* Rombo de R$ 5 a 10 bilhões (de R$ 25 a 50 bilhões em valores atualizados);
* Uma das maiores fraudes da história bancária brasileira;
* Rombo bilionário e forte risco sistêmico após o Plano Real;
O BC coordenou a transferência da parte saudável ao Unibanco, numa operação para conter risco sistêmico após a identificação de um dos maiores rombos contábeis da época.
Banco Econômico (1995)
* Rombo da ordem de R$ 3 bilhões (de R$ 15 a 25 bilhões em valores atualizados);
* Quebra simultânea ao Nacional, afetando confiança no sistema;
* Demorou anos para ser finalizado;
Ativos considerados viáveis foram vendidos ao Banco Excel (que mais tarde seria incorporado ao BBVA). A parte insolvente permaneceu em um processo de liquidação que se estendeu por anos.
Banco Bamerindus (1997)
* R$ 3,7 bilhões pagos na época (R$ 19,6 bilhões em valores atualizados);
Após saneamento inicial pelo BC e FGC, a carteira saudável – agências e base de clientes – foi vendida ao HSBC, que assumiu as operações no País.
Banco Santos (2004)
* Grande caso de má gestão e fraudes;
* Aproximadamente R$ 10 bilhões em ativos na época (de R$ 25 a 30 bilhões em valores atualizados);
A instituição foi liquidada e seus bens – incluindo obras de arte, vinhos e itens de luxo do controlador Edemar Cid Ferreira – foram leiloados para pagar credores.
Banco PanAmericano (2010)
* Maior “resgate” financeiro da história recente sem liquidação;
* Rombo de R$ 2,5 bilhões coberto pelo FGC e pelo Grupo Silvio Santos (de R$ 4 a 5 bilhões em valores atualizados);
Após o rombo, o banco saneado foi vendido ao BTG Pactual em 2011.
Banco Cruzeiro do Sul (2012)
* Grave fraude contábil e financeira que utilizava créditos fictícios e títulos de baixa qualidade para inflar o balanço;
* Rombo de cerca de R$ 1,3 bilhão (aproximadamente R$ 2 bilhões em valores atualizados);
O BC e o FGC promoveram a venda da carteira de crédito e de ativos selecionados ao Banco Original (J&F) e ao BTG Pactual, na tentativa de reduzir as perdas do fundo garantidor.
Banco Rural (2013)
* Problemas financeiros e envolvimento em escândalos políticos;
* Foi liquidado pelo Banco Central devido a sucessivos prejuízos e comprometimento da situação econômico-financeira (em parte ligada aos desdobramentos do escândalo do Mensalão). Não houve venda de grandes partes saudáveis para outra instituição, mas sim a liquidação tradicional dos ativos para o pagamento de credores;
* Valores de ativos não consolidados.
Conglomerado Banco Master (2025)
* R$ 86,396 bilhões em ativos;
* R$ 62,2 bilhões em depósitos elegíveis ao FGC;
O BC decretou a liquidação do Master S.A. e colocou o Master Múltiplo em administração especial temporária. (Com informações do jornal O Globo)