Quinta-feira, 20 de Novembro de 2025

Home Economia Intervenção no Banco Master é a maior já feita no sistema financeiro brasileiro, inclusive as mais famosas, como as do Bamerindus, Nacional e Econômico, nos anos 1990

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A decisão do Banco Central (BC) de determinar a liquidação do conglomerado que inclui o Banco Master é a maior do tipo já registrada no País. O tamanho do banco, o volume de dinheiro movimentado e o risco para os clientes superam todas as crises bancárias anteriores – inclusive as mais famosas, como as do Bamerindus, Nacional e Econômico, nos anos 1990.

O BC decidiu pela intervenção do Banco Master S.A., colocando a instituição em liquidação extrajudicial, um regime em que o banco para de operar e um administrador assume a tarefa de vender seus bens para tentar pagar dívidas. Já o Banco Master Múltiplo, outra empresa do grupo, foi colocado sob administração especial temporária, ou seja, continua funcionando, mas sob controle direto do BC.

Segundo dados oficiais, o conglomerado tinha R$ 86,396 bilhões em ativos – o maior volume de recursos já envolvido em um processo de liquidação na história do sistema financeiro brasileiro.

Além disso, o banco acumulava R$ 62,2 bilhões em depósitos que poderiam ser cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que funciona como um “seguro” para clientes em casos de quebra. O FGC só cobre até R$ 250 mil por pessoa, mas nunca antes teve de lidar com um volume tão grande de depósitos sob risco ao mesmo tempo.

Nos últimos 30 anos, o FGC precisou atuar em 40 quebras bancárias – nenhuma, porém, chegou perto da escala do Master. Por isso, a intervenção já é considerada a maior da história do sistema financeiro nacional.

— As maiores intervenções bancárias da história do Brasil

Banco Nacional (1995)

* Rombo de R$ 5 a 10 bilhões (de R$ 25 a 50 bilhões em valores atualizados);

* Uma das maiores fraudes da história bancária brasileira;

* Rombo bilionário e forte risco sistêmico após o Plano Real;

O BC coordenou a transferência da parte saudável ao Unibanco, numa operação para conter risco sistêmico após a identificação de um dos maiores rombos contábeis da época.

Banco Econômico (1995)

* Rombo da ordem de R$ 3 bilhões (de R$ 15 a 25 bilhões em valores atualizados);

* Quebra simultânea ao Nacional, afetando confiança no sistema;

* Demorou anos para ser finalizado;

Ativos considerados viáveis foram vendidos ao Banco Excel (que mais tarde seria incorporado ao BBVA). A parte insolvente permaneceu em um processo de liquidação que se estendeu por anos.

Banco Bamerindus (1997)

* R$ 3,7 bilhões pagos na época (R$ 19,6 bilhões em valores atualizados);

Após saneamento inicial pelo BC e FGC, a carteira saudável – agências e base de clientes – foi vendida ao HSBC, que assumiu as operações no País.

Banco Santos (2004)

* Grande caso de má gestão e fraudes;

* Aproximadamente R$ 10 bilhões em ativos na época (de R$ 25 a 30 bilhões em valores atualizados);

A instituição foi liquidada e seus bens – incluindo obras de arte, vinhos e itens de luxo do controlador Edemar Cid Ferreira – foram leiloados para pagar credores.

Banco PanAmericano (2010)

* Maior “resgate” financeiro da história recente sem liquidação;

* Rombo de R$ 2,5 bilhões coberto pelo FGC e pelo Grupo Silvio Santos (de R$ 4 a 5 bilhões em valores atualizados);

Após o rombo, o banco saneado foi vendido ao BTG Pactual em 2011.

Banco Cruzeiro do Sul (2012)

* Grave fraude contábil e financeira que utilizava créditos fictícios e títulos de baixa qualidade para inflar o balanço;

* Rombo de cerca de R$ 1,3 bilhão (aproximadamente R$ 2 bilhões em valores atualizados);

O BC e o FGC promoveram a venda da carteira de crédito e de ativos selecionados ao Banco Original (J&F) e ao BTG Pactual, na tentativa de reduzir as perdas do fundo garantidor.

Banco Rural (2013)

* Problemas financeiros e envolvimento em escândalos políticos;

* Foi liquidado pelo Banco Central devido a sucessivos prejuízos e comprometimento da situação econômico-financeira (em parte ligada aos desdobramentos do escândalo do Mensalão). Não houve venda de grandes partes saudáveis para outra instituição, mas sim a liquidação tradicional dos ativos para o pagamento de credores;

* Valores de ativos não consolidados.

Conglomerado Banco Master (2025)

* R$ 86,396 bilhões em ativos;

* R$ 62,2 bilhões em depósitos elegíveis ao FGC;

O BC decretou a liquidação do Master S.A. e colocou o Master Múltiplo em administração especial temporária. (Com informações do jornal O Globo)

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