Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 15 de novembro de 2023
A 123MILHAS lançou mão de manobras contábeis para camuflar mais de um bilhão de reais em gastos com publicidade como ativo e, a partir de um lucro irreal, distribuir dividendos milionários aos seus acionistas. É o que conclui um laudo exigido pela Justiça para analisar a viabilidade de recuperação judicial do grupo.
Mesmo com o negócio no vermelho, seus acionistas receberam uma quantia equivalente a R$ 44,4 milhões, originados de irregularidades em balanços financeiros entre 2020 e 2023. A afirmação consta no relatório técnico feito pela KPMG e pela advogada Juliana Morais que foi apresentado à Justiça.
Segundo relatório da KPMG, apenas na 123 milhas, entre os anos de 2020 e 2022, foi distribuído o total de R$ 29,8 milhões em dividendos, tendo como beneficiários finais Cristiane Soares Madureira, Augusto Julio Soares Madureira, Ramiro Julio Soares Madureira e Tânia Silva Santos Madureira. Já na Art Viagens foi distribuído nos anos de 2022 e 2023 um total de R$ 14,5 milhões em dividendos.
As irregularidades envolvem o reconhecimento indevido dos gastos com marketing e publicidade da companhia na linha de ativo da empresa em vez de despesa. Desta forma, o resultado líquido final do grupo era positivo, o que ocasionava em uma distribuição de dividendos.
“Caso a regra contábil tivesse sido devidamente observada e os gastos com marketing/publicidade tivessem sido reconhecidos como despesas, não haveria resultado positivo em nenhum dos exercícios analisados, o que impediria a distribuição de dividendos realizada”, apontou o documento.
Gasto com marketing
Segundo a análise, na 123 Milhas, os gastos com marketing e publicidade superaram a receita bruta em 147,1% em 2021 e em 393% em 2022. Já na Art Viagens (Hot Milhas), os gastos com publicidade e marketing representaram 85,7% da receita operacional em 2021 e 89,8% em 2022.
A constatação prévia foi um documento exigido pela justiça para validar o pedido de recuperação judicial das empresas do grupo 123milhas. As empresas haviam solicitado a proteção contra os credores, mas o Tribunal de Justiça de Minas Gerais suspendeu a recuperação em setembro até que o resultado da constatação prévia fosse apresentado. A Justiça deu prazo de 10 dias às empresas para se manifestar.
No documento, os representantes selecionados para realizar a constatação sinalizam que o grupo 123milhas permanece em atividade e que atende aos critérios técnicos para ter deferido seu pedido de recuperação judicial.
No Ar: Pampa Na Tarde