Domingo, 26 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 4 de julho de 2023
Sui generis. Foi dessa maneira que João Pinheiro Nogueira Batista, presidente das Lojas Marisa, definiu os relatos sobre a reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes de redes varejistas no último sábado (1º). No dia anterior, a pasta havia publicado uma portaria que caiu como um banho gelado a céu aberto, num setor que tem vivido com uma forte pneumonia há meses: isentou as compras internacionais de até US$ 50 do imposto de importação.
A peculiaridade do encontro, diz ele, ocorreu por conta da mudança da pasta. “O ministro tinha prometido exatamente o contrário do que foi publicado, mas parece não ter tido força para prosseguir com o combate ao contrabando”, diz Nogueira Batista.
Justiça
Ele participou de reunião do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) sobre o tema. O setor avalia ir à Justiça. “Nossa demanda é tão natural e óbvia – a igualdade nas condições de concorrência –, que tínhamos a certeza de que a ilegalidade seria combatida”, diz o CEO.
“Ataque”
Para o executivo, o governo legalizou práticas fora das regras tributárias. “Não consigo entender como um governo, ainda mais do PT, seja capaz do absurdo de legalizar o contrabando contra os interesses da indústria nacional”, diz o CEO, que defende a produção formalizada e o fim do trabalho irregular.
Para Nogueira Batista, a portaria do governo não só vai contra tais práticas, como torna oficiais as importações que até então eram consideradas contrabando. Com a grita geral do varejo, Haddad disse que a portaria trazia apenas os primeiros passos à implementação do plano para marketplaces internacionais e que alterações seriam feitas no futuro.
O executivo diz estranhar que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) não tenha se posicionado sobre a política industrial do governo. Josué Gomes da Silva, presidente da entidade, fez um acordo com a Shein no qual sua empresa, a Coteminas, será fornecedora de insumos a confecções locais.
Aumento de capital
O Banco Central aprovou um aumento de capital de R$ 82,047 milhões na M Pagamentos, a financeira da varejista Marisa, que assim passou para R$ 271,047 milhões. Em abril a companhia apresentou uma reestruturação das suas operações, que previa a injeção de R$ 90 milhões na M Pagamentos pelos controladores, a família Goldfard, e a possibilidade de aportar mais R$ 26 milhões até agosto, se for necessário.
Segundo o balanço do primeiro trimestre, o MBank – braço financeiro da Marisa, onde está a M Pagamentos – teve resultado antes de impostos, depreciação e amortização (ebitda, na sigla em inglês) negativo de R$ 14,4 milhões no período.
“A margem menor em todos os nossos produtos financeiros deve-se a: aumento custo de funding; capacidade menor de compra dos nossos consumidores; fechamento de lojas; aumento no nível de PDD; e política de concessão de crédito mais criteriosa e seletiva”, informou a empresa na ocasião.